Amnistia denuncia "impunidade" face a mortes em prisões iranianas
A organização Amnistia Internacional denunciou o "clima de impunidade" sistémico no Irão face à morte de pelo menos 72 pessoas sob custódia em 10 anos, apesar das informações indicando que muitos dos casos estão ligados à utilização de tortura.
© Reuters
Mundo Irão
As autoridades iranianas "abstiveram-se de determinar as responsabilidades em pelo menos 72 casos de morte sob custódia desde janeiro de 2010", apesar das informações indicarem que se deveram ao uso de "tortura ou outros maus-tratos, ou à utilização ilegal de armas de fogo ou de gás lacrimogéneo por agentes do Estado", declarou a Amnistia num comunicado divulgado na quarta-feira.
O último caso registado é o de Yasser Manguri, cuja morte foi anunciada à família a 8 de setembro por agentes dos serviços de informação no noroeste do Irão, indicou a organização de defesa dos direitos humanos.
Manguri morreu "em circunstâncias suspeitas" que ilustram "o clima geral de impunidade que incentiva as forças de segurança a desprezar o direito à vida dos prisioneiros sem medo de sofrer as consequências", declarou Heba Morayef, diretora regional da Amnistia Internacional (AI).
A 24 de agosto, o diretor dos serviços prisionais iraniano admitiu que tinha ocorrido "comportamento inaceitável" numa prisão de Teerão, após a divulgação de vídeos, alegadamente obtidos por piratas informáticos, mostrando violência contra reclusos.
Segundo a AI, os vídeos "expuseram provas perturbadoras de espancamentos, assédio sexual e outros maus-tratos infligidos aos prisioneiros".
O comunicado indica que "torturas físicas e outros maus-tratos" causaram a morte de 46 dos 72 detidos, adiantando que 15 outros morreram após a utilização pelos guardas prisionais de armas de fogo e gás lacrimogéneo para reprimir os movimentos de protesto ligados à saúde devido à pandemia da covid-19.
Em relação aos restantes 11 casos, a organização refere que morreram "em circunstâncias suspeitas", precisando não ter mais informações.
"As autoridades iranianas geralmente atribuem as mortes na prisão a suicídios, overdoses ou doenças (...) sem realizar uma investigação independente e transparente", referiu a Amnistia.
Em julho, a AI e outras organizações não-governamentais exortaram os membros do Conselho dos Direitos Humanos da ONU a criar um mecanismo de inquérito para recolher e analisar as provas dos crimes mais graves cometidos na República Islâmica.
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