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Brexit. Partido 'unionista' ameaça derrubar governo da Irlanda do Norte

O líder do principal partido 'unionista' da Irlanda do Norte, Jeffrey Donaldson, ameaçou hoje fazer cair o governo autónomo por discordar com o impacto do acordo do 'Brexit' na região britânica, em vigor desde o início do ano.

Brexit. Partido 'unionista' ameaça derrubar governo da Irlanda do Norte
Notícias ao Minuto

16:07 - 09/09/21 por Lusa

Mundo Brexit

Num discurso hoje em Belfast, o líder do Partido Democrata Unionista (DUP) afirmou que poderá tomar a decisão dentro de semanas, se as regras para a circulação de mercadorias na Irlanda do Norte acordadas pelo Reino Unido e União Europeia (UE) no ano passado não forem alteradas.

"Dentro de semanas, ficará claro se há condições para a Assembleia e o Executivo continuarem neste mandato atual, e eu quero que isso aconteça, mas também teremos de considerar se há necessidade de uma eleição para a Assembleia para confirmar o nosso mandato", adiantou.

Segundo Donaldson, o Protocolo da Irlanda do Norte "prejudica fundamentalmente (...) a integridade económica do Reino Unido e a posição da Irlanda do Norte nele".

O acordo do 'Brexit' negociado pelo primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, em 2019 decidiu que, ao sair da União Europeia, o Reino Unido deixaria também a união aduaneira da UE, o que aconteceu em 01 de janeiro.

No entanto, ao abrigo do Protocolo da Irlanda do Norte, a província britânica continua a aplicar normas e controlos aduaneiros da UE, incluindo em certos produtos que chegam do resto do Reino Unido.

Esta parte do acordo foi negociada após mais de três anos de discussões sobre como evitar o controlo de mercadorias ao longo da fronteira terrestre entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda.

"Somos totalmente contra o protocolo tal como existe atualmente", afirmou Donaldson, que exige que os problemas sejam resolvidos "em semanas e não em meses ou anos". 

O DUP foi o partido mais votado nas eleições de 2017, pelo que lidera o Executivo de coligação em funções desde 2020, formado após três anos de impasse devido a desentendimentos com o rival Sinn Féin. 

O acordo de paz de 1998, que pôs fim ao conflito sectário que causou mais de 3.500 mortos em 30 anos, determina que o poder na Irlanda do Norte seja partilhado entre os dois principais partidos políticos representativos das comunidades 'unionista' [que defende a permanência no Reino Unido e sob a coroa britânica] e nacionalista [que querem a reunificação com a Irlanda numa república].  

Outra condição do processo de paz é a fronteira aberta entre Irlanda do Norte, província britânica, e República da Irlanda, membro da UE, razão pela qual foi necessário encontrar uma solução para a circulação de bens vindos do Reino Unido para proteger a integridade do mercado único europeu. 

Porém, os 'unionistas' reclamam que os controlos às mercadorias britânicas criam uma burocracia onerosa às empresas e enfraquece os laços da Irlanda do Norte com o resto do Reino Unido.

As tensões sobre as novas regras contribuíram para uma semana de violência nas ruas nas cidades da Irlanda do Norte em abril, que viu jovens atacarem a polícia com tijolos, fogos de artifício e engenhos explosivos.

Donaldson admitiu que a violência diminuiu, mas disse recear que, "a menos que o problema seja enfrentado, acabará por ser apenas uma pausa, e não o fim dos distúrbios".

A líder do Sinn Féin, Mary Lou McDonald, qualificou a posição de Donaldson uma "manobra eleitoral imprudente, irresponsável e míope", enquanto Doug Beattie, do Ulster Unionist Party, rival do DUP em termos de votos 'unionistas', afirmou que as "ameaças" de Donaldson são contraproducentes.

O discurso coincide com a visita do comissário europeu para as Relações Interinstitucionais, Maros Sefcovic, à Irlanda do Norte, que exortou todos os lados a "reduzir a retórica política" e a "trabalhar nos problemas concretos".

Londres e Bruxelas têm-se manifestado dispostos a resolver os problemas, mas permanecem distantes quanto às soluções.

O governo conservador de Boris Johnson acusa o bloco de ser desnecessariamente "purista" na implementação das regras e urge uma renegociação do Protocolo que permita a eliminação da maioria dos controlos, os quais suspendeu por tempo indefinido enquanto decorrem negociações. 

Embora a UE insista que não está disponível para renegociar o acordo, mas disse que não iria levantar um novo processo de infração contra a decisão.

Sefcovic, que é vice-presidente da Comissão Europeia, permanece na Irlanda do Norte até sexta-feira para se reunir com empresários e políticos, incluindo Donaldson.

Leia Também: Brexit: UE exclui qualquer renegociação de acordo para a Irlanda do Norte

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