"Não há qualquer processo de paz em curso com os palestinianos e não haverá", afirmou hoje uma fonte próxima do primeiro-ministro israelita, Naftali Bennett, após o encontro entre Mahmud Abbas e Benny Gantz, o primeiro a este nível anunciado oficialmente há anos.

O processo de paz está parado há mais de sete anos e as discussões da noite passada na Cisjordânia foram dedicadas a "questões de segurança de rotina" e à economia, adiantou a mesma fonte.

Gantz disse a Abbas que o seu país procura "tomar medidas para reforçar a economia da Autoridade Palestiniana", indicou o Ministério da Defesa israelita num comunicado.

Os dois responsáveis "também discutiram maneiras de melhorar a segurança e a situação económica na Cisjordânia e na Faixa de Gaza", território palestiniano sob bloqueio israelita há mais de 15 anos, e "acordaram continuar o diálogo", adiantou.

Israel e o movimento islâmico palestiniano Hamas, que controla a Faixa de Gaza, travaram uma guerra de 11 dias em maio e desde o cessar-fogo os tiroteios e a violência entre os dois lados têm ocorrido esporadicamente.

O Hamas condenou hoje a reunião entre Abbas e Gantz.

"Reuniões como esta representam a continuação da ilusão da liderança da Autoridade Palestiniana sobre a possibilidade de obter algo para o povo palestiniano através do caminho fracassado da negociação", considera Hazem Qassem, porta-voz do Hamas, num comunicado.

Além disso, adianta, "este comportamento aprofunda a divisão política palestiniana e complica a situação palestiniana como um todo".

No encontro participaram também Ghassan Alyan, responsável do Cogat, órgão israelita encarregado das operações civis nos territórios palestinianos, Majid Faraj, chefe dos serviços secretos palestinianos, e Hussein al-Cheikh, ministro dos Assuntos Civis da Autoridade Palestiniana.

Contactada pela agência France-Presse, a Autoridade Palestiniana ainda não fez comentários sobre a reunião.

A Autoridade Palestiniana, presidida por Abbas, de 86 anos e cujo mandato devia terminar em 2009, exerce poderes limitados sobre cerca de 40% da Cisjordânia. Israel controla todos os acessos a este território palestiniano ocupado desde 1967 e administra o que resta da região, além dos colonatos.

O encontro em Ramallah ocorreu algumas horas após o regresso de Bennett dos Estados Unidos, onde se reuniu com o Presidente Joe Biden, um aliado do qual discorda em alguns pontos chave.

Biden defende uma solução de dois Estados, um palestiniano ao lado do israelita, e restabeleceu a ajuda financeira aos palestinianos. Bennett é um nacionalista radical e um antigo dirigente de um grupo de pressão de colonos judeus, que se opõem há criação de um Estado palestiniano.

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