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"Não se pode transformar um país através da ocupação estrangeira"

Francisco Louçã comentou a situação do Afeganistão no seu espaço habitual na SIC Notícias. O comentador defendeu que não se pode justificar a ocupação do país com a questão dos direitos das mulheres porque, na verdade, nos últimos 20 anos, 80% das mulheres afegãs continuaram sem escolaridade alguma.

"Não se pode transformar um país através da ocupação estrangeira"
Notícias ao Minuto

23:25 - 20/08/21 por Notícias ao Minuto

País Francisco Louçã

O fundador e antigo coordenador do Bloco de Esquerda (BE), Francisco Louçã, considerou hoje que o regresso dos talibã ao poder no Afeganistão "vai ter enormes consequências", mas recusou que os 20 anos de ocupação americana tenham feito muito pelos direitos das mulheres.

Louçã defendeu, na antena da SIC Notícias, que este colapso na sequência do anúncio da saída das tropas norte-americanas "é um enorme fracasso político", mas "na realidade, não se esperava que fosse de outra forma porque as forças locais de apoio ao regime eram frágeis".

O comentador afirmou, no espaço habitual de comentário às sextas-feiras, que "há quem diga que estes 20 anos valeram a pena", mas recusou concordar.

"Durante estes 20 anos, 80% das mulheres afegãs continuaram analfabetas e três em cada quatro raparigas até aos 16 anos foram forçadas a casamentos escolhidos pelas famílias", assinalou. Assim sendo, refere, "mudou pouco para as mulheres afegãs."

O antigo coordenador do Bloco de Esquerda apontou que "é muito difícil saber o que vai acontecer" agora, no que toca aos direitos humanos, no Afeganistão, mas "há perigos evidentes a que os talibãs dificilmente resistirão".

"Não se pode justificar a ocupação [das tropas norte-americanas] com a alegação da questão das mulheres", já que pouco mudou nas últimas duas décadas.

Por outro lado, o comentador referiu também que "nada mudou, a não ser para pior", no que respeita ao cultivo do ópio.

De acordo com dados da BBC e do governo afegão, o ópio ocupa cerca de 300 mil hectares de cultivo naquele país, o que, para Louçã, "não seria possível, durante a ocupação militar, sem conivência" ou corrupção.

"Não se pode transformar um país através da ocupação estrangeira", rematou, acrescentando que "será sobretudo a China que irá procurar utilizar a sua influência para ocupar o lugar" que os Estados Unidos deixaram.

Leia Também: "Tínhamos alguma razão para lá estar? Ameaça do terrorismo metastizou-se"

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