Meteorologia

  • 25 ABRIL 2024
Tempo
18º
MIN 13º MÁX 19º

Escócia. Nacionalistas e verdes acordam governar com vista a referendo

O Partido Nacional Escocês (SNP) e o Partido Verde anunciaram hoje um acordo de poder partilhado na Escócia centrado na convocatória de um novo referendo sobre a independência nos próximos cinco anos e em medidas sobre a emergência climática.

Escócia. Nacionalistas e verdes acordam governar com vista a referendo
Notícias ao Minuto

19:20 - 20/08/21 por Lusa

Mundo Escócia

A principal ministra escocesa, a líder do SNP, Nicola Sturgeon, ficou, nas eleições de maio, a um assento parlamentar da maioria absoluta -- obteve 64 mandatos em Holyrood (parlamento escocês) -- e negociou desde então o apoio dos ecologistas, que contam com oito deputados.

Em troca desse apoio, Sturgeon cederá duas pastas ministeriais no seu executivo autónomo aos Verdes, que entrarão pela primeira vez num Governo no Reino Unido se as suas bases apoiarem o acordo, no próximo dia 28 de agosto.

O rascunho do programa político conjunto que foi hoje divulgado mantém a promessa principal com a qual a líder independentista ganhou as eleições: convocar um novo referendo sobre a independência assim que seja ultrapassada a pandemia, mas durante esta legislatura, que termina em 2026.

O maior obstáculo que terá quanto a esse objetivo é a oposição explícita do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, que considera que o referendo de 2014, no qual 55,3% dos votantes escoceses se opuseram à independência, encerrou a questão para toda "uma geração".

Sturgeon argumenta, em contrapartida, que o 'Brexit' (saída do Reino Unido da União Europeia) alterou o cenário, dado que a Escócia se viu obrigada a abandonar a União Europeia contra a sua vontade -- 62% dos eleitores da Escócia opuseram-se à rutura com a UE em 2016, contra 38%, enquanto em Inglaterra 53,4% optaram pela saída do bloco comunitário.

Nacionalistas e verdes deixaram claro que, entre os seus objetivos desta legislatura figura "fortalecer as relações internacionais da Escócia", a sua "presença e a sua voz" na cena internacional.

Com essa meta, instalarão gabinetes representativos do Governo autónomo escocês em Copenhaga e Varsóvia, para "promover os interesses e a reputação da Escócia nas regiões do norte e centro da Europa".

Também pretendem redesenhar as suas políticas económicas para ampliar "o alcance global" da Escócia e aumentar a sua influência em África, na Ásia e na América do sul.

"A Escócia tem um papel significativo a desempenhar na comunidade global para promover soluções sustentáveis, os direitos humanos e a paz", lê-se no rascunho de 51 páginas acordado entre o SNP e o Partido Verde.

As duas formações veem a Escócia como "uma nação independente por direito próprio, que contribui na cena internacional como um parceiro respeitado e de confiança", embora admitam que as suas ideias quanto ao papel que Edimburgo representaria "não estão alinhadas" em todos os aspetos, em particular sobre a sua participação na NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte).

A cerca de dois meses de Glasgow acolher a importante cimeira sobre o clima COP26, os Verdes esperam que a sua chegada ao poder sirva para que a Escócia demonstre uma "liderança real quanto ao clima".

O acordo de Governo com o SNP inclui aumentar o investimento nos transportes públicos e torná-los mais económicos para os utilizadores, aprovar uma regulação que favoreça a energia eólica 'offshore' e criar pelo menos um novo parque nacional na Escócia.

Também foi acordado dedicar pelo menos 1.800 milhões de libras (2.100 milhões de euros) durante esta legislatura, na melhoria da eficiência energética e o uso de produção de calor sustentável em habitações e edifícios.

O Partido Trabalhista Escocês criticou o acordo: "Esta coligação não é uma surpresa, só formaliza o que já temos visto ao longo destes últimos anos", declarou o líder, Anas Sarwar.

A formação de Sturgeon "prometeu centrar-se na recuperação" da pandemia após as eleições, mas "na realidade estiveram centrados no seu habitual jogo político", argumentou o trabalhista.

O Partido Conservador da Escócia classificou, por sua vez, a união entre os nacionalistas e os "extremistas" verdes como "uma ameaça para a recuperação da pandemia".

"A Escócia sofrerá com esta coligação nacionalista do caos. O Governo do SNP e os verdes irá contra o emprego, contra as empresas, contra os motoristas, o petróleo e o gás", alertou o líder conservador escocês, Douglas Ross.

Leia Também: Escócia "provavelmente" manterá restrições mais três semanas

Recomendados para si

;
Campo obrigatório