Ismail Sabri Yaakob foi o vice-primeiro-ministro do Governo de Muhyiddin Yassin, que renunciou na segunda-feira, 17 meses depois de assumir o cargo.
No início de agosto, o partido Organização Nacional dos Malaios Unidos (UMNO, na sigla em inglês), pressionado pelas acusações de corrupção contra os principais líderes do país, retirou publicamente o apoio ao Governo de Yassin, que se manteve com uma minoria parlamentar.
Agora, a nomeação de Ismail (membro do UMNO) restaurou a aliança que foi estabelecida por Muhyiddin e também traz de volta ao Governo o UMNO, que liderou a Malásia desde a independência da Grã-Bretanha em 1957, mas foi retirado da liderança di país nas eleições de 2018 devido a um escândalo financeiro multibilionário.
O Rei disse que Ismail garantiu o apoio de 114 deputados, ligeiramente acima da maioria simples, acrescentando que Ismail - 61 anos - será empossado como nono primeiro-ministro da Malásia no sábado.
O anúncio foi feito depois de o monarca ter-se encontrado com líderes malaios que o aconselharam sobre a nomeação. O papel do rei é em grande parte cerimonial na Malásia, mas nomeia a pessoa que acredita ter o apoio da maioria no Parlamento como primeiro-ministro.
O rei disse, num comunicado, que espera que a nomeação de Ismail acabe com a turbulência política do país e pediu aos legisladores que deixem de lado as suas diferenças políticas e unam-se para enfrentar o agravamento da pandemia de covid-19 no país.
Os 114 votos obtidos por Ismail ultrapassam os 111 necessários para uma maioria simples, mas está perto do apoio que Muhyiddin teve e não foi capaz de manter.
Os malaios, furiosos com a nomeação, lançaram uma petição na internet para protestar contra a candidatura de Ismail, com mais de 340.000 assinaturas recolhidas até agora.
Muitos acreditam que a escolha de Ismail restaurará o 'status quo', nomeadamente em relação à resposta aparentemente fracassada do Governo malaio ao agravamento da pandemia.
Em 29 de julho, o Rei Abdullah desautorizou publicamente o Governo e manteve o decreto de emergência contra a pandemia, que Muhyiddin Yassin queria suspender a partir de 01 de agosto.
A Malásia tem uma das taxas de infeção por covid-19 e de mortes 'per capita' mais altas do mundo, apesar do estado de emergência já durar há sete meses e do confinamento desde junho.
As novas infeções diárias mais do que duplicaram desde junho, para atingir hoje um novo recorde de 23.564 pessoas, elevando o total do país para mais de 1,5 milhões de casos. As mortes aumentaram para mais de 13.000 pessoas.