Num discurso televisivo, o líder do movimento xiita apoiado pelo Irão, Hassan Nasrallah, disse que o petroleiro transportará gasóleo para ajudar a aliviar a escassez de combustível no Líbano, que paralisa o país há semanas.
"Gostaria de dizer que no momento em que o petroleiro navegar - dentro de horas - e se mover no mar, será considerado em território libanês", disse Nasrallah, citado pela agência Associated Press (AP).
Este primeiro petroleiro será seguido de outros, segundo Nasrallah.
O líder do Hezbollah acusou o Ocidente de estar a impor um cerco não declarado ao Líbano, causando a atual crise.
"Eu digo aos americanos e aos israelitas que isto é território libanês", disse Nasrallah sobre o petroleiro, sem especificar o que fará o Hezbollah se o navio for intercetado.
O Hezbollah (Partido de Deus) e os seus aliados acusam os EUA e algumas nações árabes do Golfo de punir o Líbano devido às atividades militares do movimento xiita noutros países, incluindo a Síria e o Iraque.
A vizinha Síria responsabilizou Israel por misteriosos ataques que visaram petroleiros que se dirigiam do Irão para a Síria no ano passado.
A entrega de combustível organizada pelo Hezbollah seria uma aparente violação das sanções impostas por Washington a Teerão, após o ex-presidente norte-americano, Donald Trump, ter retirado os EUA de um acordo nuclear entre o Irão e as potências mundiais há três anos.
Nasrallah não especificou como é que o Líbano irá pagar o combustível, mas num discurso anterior tinha dito que Teerão poderia receber libras libanesas.
A moeda libanesa perdeu mais de 90% do seu valor desde o início da crise económica do país, em outubro de 2019.
Desde há semanas, os libaneses têm de esperar em longas filas nas estações de serviço para abastecer os automóveis.
A escassez de gasóleo, no meio de graves cortes de energia, impede o funcionamento de geradores privados e tem originado problemas na produção de bens essenciais, como o pão.
Alguns hospitais alertaram que os doentes poderão morrer devido à falta de energia.
O contrabando, o açambarcamento e a incapacidade do governo libanês em garantir a entrega de gasóleo importado têm sido apontadas como as razões para a crise de combustível.
O Líbano sofreu durante décadas cortes de eletricidade, em parte devido à corrupção generalizada e à má gestão.
A nação mediterrânica de seis milhões de habitantes - incluindo um milhão de refugiados sírios - está perto da bancarrota, segundo a AP.
A situação deteriorou-se drasticamente na semana passada, depois de o banco central ter decidido acabar com os subsídios aos produtos combustíveis.
A decisão deverá causar um aumento dos preços de quase todas as mercadorias no Líbano.
Nasrallah disse que o Hezbollah não pretende "desafiar ninguém" ao organizar o carregamento de combustível do Irão.
Mas "não podemos ficar parados no meio da humilhação do nosso povo, seja em frente de padarias, hospitais, postos de gasolina e escuridão durante a noite", acrescentou.
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