Ghani desloca-se a Mazar-i-Sharif para coordenar resposta a talibãs

O presidente afegão, Ashraf Ghani, chegou hoje à cidade de Mazar-i-Sharif sitiada pelas forças talibãs, para tentar coordenar uma resposta contra os "insurgentes" que controlam um quarto das capitais provinciais do país.

Presidente do Afeganistão dá aos talibãs "última oportunidade" para a paz

© Reuters

Lusa
11/08/2021 10:53 ‧ 11/08/2021 por Lusa

Mundo

Afeganistão

 

O Presidente do Afeganistão encontrou-se com Mohammad Atta Noor, ex-governador da província de Balkh, que tinha prometido "resistir até à última gota de sangue".

"Após o encontro, em que foi analisada a situação geral no norte, foi discutida a coordenação, o envio de equipamento e a mobilização da 'resistência' comandada pelas forças de segurança e de defesa", disse Latif Mahmood, porta-voz do chefe de Estado afegão através de uma mensagem difundida na rede social Twitter.

Entretanto, o Governo anunciou a chegada à zona de Mazar-i-Sharif de um contingente comandado pelo marechal Dostom, de etnia uzbeque e que ameaçou os talibãs. 

"Eles (talibãs) não aprenderam nada com o passado. Vieram para o norte várias vezes e acabaram sempre presos. Não é fácil para eles saírem daqui", disse o marechal Dostom em declarações a jornalistas de meios de comunicação locais.

Em 2001, o marechal Dostom foi apontado como responsável pela morte - por asfixia - de cerca de dois mil talibãs encerrados em contentores, no norte do Afeganistão.

Na terça-feira, os talibãs iniciaram um ataque em várias frentes contra Mazar-i-Sharif, tendo chegado até à periferia da cidade.

A perda de Mazar-i-Sharif pode ser catastrófica para o Governo de Cabul, que deixaria de controlar o norte do país, permitindo o reagrupamento das forças talibãs para um eventual ataque direto contra Cabul, onde milhares de deslocados internos encontraram refúgio nos últimos dias.

Mazar-i-Sharif foi palco de violentos confrontos em 1998, tendo na altura os talibãs sido acusados do massacre de dois mil civis, na maioria xiitas de etnia hazara, após a tomada da cidade.  

Entretanto, "centenas" de elementos das forças de segurança afegãs retiraram-se da área do aeroporto da cidade de Kunduz, no nordeste do país, e renderam-se às forças talibãs, disse à France Presse um conselheiro provincial.

"Hoje de manhã centenas de soldados, polícias e membros das 'forças de resistência' (milícias governamentais) que se encontravam no aeroporto renderam-se aos talibãs com todo o equipamento", disse Amruddin Wali, conselheiro da província de Kunduz. 

Durante a noite, a cidade de Faizabad, no extremo da região nordeste do país, foi tomada pelas forças talibãs, disse Zabihullah Attiq, deputado na província de Badakhshan.

Com a tomada de Faizabad, os talibãs passaram a dominar nove capitais provinciais em menos de uma semana de combates.

Os talibãs cercaram Farah no oeste do Afeganistão, e a cidade de Pul-e-Khumri a 200 quilómetros a norte de Cabul encontra-se igualmente sitiada. 

De acordo com a AFP, verificaram-se durante a noite violentos combates no centro de Kandahar, a segunda cidade do país, sitiada há várias semanas pelos talibãs. 

Os "insurgentes" tentam alcançar a cadeia de Kandahar para libertarem prisioneiros "insurgentes" tal como fazem sempre que conquistam uma cidade. 

Os talibãs lançaram uma ofensiva de grande escala no passado mês de maio, coincidindo com o início da retirada das forças norte-americanas e da Aliança Atlântica, incluindo militares portugueses.

A retirada das forças internacionais deve concluir-se no próximo dia 31 de agosto, culminando 20 anos de uma intervenção militar que começou em 2001, após o ataque da Al-Qaeda contra Nova Iorque, Estados Unidos, em 11 de setembro.

Na terça-feira, o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou não se arrepender de concluir a retirada das tropas norte-americanas do Afeganistão, e defendeu que os afegãos "devem lutar por si mesmos" contra os talibãs.

Leia Também: Centenas de soldados renderam-se aos talibãs no aeroporto de Kunduz

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