Forças do Tigray rejeitam apelos à retirada dos estados etíopes vizinhos
As forças estaduais do Tigray, no norte da Etiópia, devastado pela guerra, rejeitam os apelos à retirada das regiões vizinhas, afirmou hoje o porta-voz do corpo militar sob comando da TPLF, um dia após assumir o controlo de Lalibela.
© Reuters
Mundo Etiópia
"Nada do género vai acontecer, a menos que o bloqueio seja levantado", afirmou Getachew Reda, numa alusão ao acesso por parte do estado no norte da Etiópia à ajuda humanitária, deixando claro que as forças tigray "não irão retirar-se de Afar e Amhara", duas cidades no estado de Amhara, vizinho do Tigray.
A Frente de Libertação do Povo Tigray (TPLF) tomou esta quinta-feira a cidade de Lalibela, em Amhara, um local famoso pelas suas igrejas de pedra e Património Mundial da UNESCO.
De acordo com vários residentes contactados pela AFP, a cidade, abandonada pelas forças de segurança estaduais locais, caiu sem resistência.
Os Estados Unidos apelaram aos combatentes tigray para "protegerem este património cultural", sublinhando que Lalibela é "um testamento da civilização etíope".
Tigray está em guerra desde 4 de novembro de 2020, quando o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, enviou as tropas federais para derrubar a TPLF, partido de origem regional que durante décadas dominou a política nacional etíope antes da chegada ao poder em abril de 2018 da atual liderança do país.
O chefe de Governo etíope, vencedor do Prémio Nobel da Paz de 2019, justificou a intervenção pela necessidade de retaliar ataques das forças estaduais a unidades do exército federal no Tigray, e classificou a ofensiva como uma operação de segurança, cujo objetivo era deter e levar perante a justiça etíope os líderes do estado insurreto no norte do país.
Abiy Ahmed declarou a vitória das forças federais no dia 28 de novembro, após a tomada de Mekele, a capital tigray, porém, apesar do anúncio de uma vitória rápida, o conflito arrastou-se, tomando um novo rumo em junho, quando os rebeldes recapturaram a capital estadual, e forçaram o exército federal etíope a recuar.
Desde então, os rebeldes têm controlado a maior parte do estado de Tigray e têm conduzido ofensivas armadas nos estados vizinhos, a leste, em Afar, e a sul, em Amhara.
Getachew justificou a captura de Lalibela pela necessidade de assegurar o controlo das estradas para o norte de Amhara e impedir o reagrupamento de tropas pró-governamentais.
"Estamos sitiados. Estamos sob bloqueio", acrescentou o porta-voz, reiterando que a ambição da TPLF não é controlar território em Amhara e Afar, mas facilitar o acesso da ajuda humanitária a Tigray.
As incursões das forças tigray têm merecido as críticas generalizadas da comunidade internacional. Esta semana as Nações Unidas apelaram novamente às partes beligerantes para terminarem as hostilidades.
Na quinta-feira, Washington exortou as forças da TPLF a se retirarem das regiões vizinhas e apelou a "conversações imediatas, sem condições prévias", conducentes a um cessar-fogo.
O governo etíope tem acusado repetidamente os líderes ocidentais de fecharem os olhos aos crimes cometidos pela TPLF.
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