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Comunidade internacional apela ao regresso da estabilidade na Tunísia

A crise política tunisina, agravada pela decisão do Presidente Kais Saied de demitir o primeiro-ministro e suspender a atividade do parlamento suscitou diversas reações com a França, antiga potência colonial, a apelar ao regresso do "normal funcionamento das instituições".

Comunidade internacional apela ao regresso da estabilidade na Tunísia
Notícias ao Minuto

20:42 - 26/07/21 por Lusa

Mundo Tunísia

A França deseja "o regresso, no mais breve prazo, a um funcionamento normal das instituições" na Tunísia após a suspensão por 30 dias das atividades parlamentares e a demissão do primeiro-ministro e de vários ministros pelo Presidente Kais Saied, declarou hoje a diplomacia francesa.

"A França segue com grande atenção a evolução da situação política na Tunísia", declarou Agnès von der Mühll, porta-voz do Quai d'Orsay, a sede do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

"Desejamos o respeito pelo Estado de Direito e o regresso, no mais breve prazo, a um funcionamento normal das instituições, que devem poder concentrar-se na resposta à crise sanitária, económica e social", acrescentou.

"No pleno respeito da soberania da Tunísia, a França apela igualmente ao conjunto das forças políticas do país a evitarem qualquer forma de violência, e a preservar as conquistas democráticas do país", sublinha ainda o comunicado.

Os Estados Unidos também manifestaram "preocupação" pela crise política que atravessa a Tunísia, com a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, a apelar ao respeito dos "princípios democráticos" no país.

Questionada em conferência de imprensa sobre se Washington considera estar-se em presença de um golpe de Estado, a porta-voz indicou que se trata nesse caso uma "definição jurídica" e que a questão estava a ser examinada pelo Departamento de Estado.

Em Berlim, o Governo alemão também apelou ao "respeito das liberdades civis, que constitui uma das mais importantes conquistas da revolução tunisina de 2011", frequentemente considerada como o único sucesso da designada Primavera árabe.

"Agora é muito importante regressar à ordem constitucional o mais rapidamente possível". Estes acontecimentos "constituem um grande desafio para a Tunísia", e demonstram "a urgência de promover agora as reformas políticas e económicas", referiu a diplomacia germânica.

Na Rússia, o porta-voz do Kremlin disse aguardar que "nada ameace a estabilidade e segurança dos cidadãos" na Tunísia, precisando que o Governo russo "acompanha" a situação.

No Qatar, o Ministério dos Negócios Estrangeiros apelou a "que prevaleça a voz da sabedoria e em evitar qualquer escalada", através da "via do diálogo para ultrapassar esta crise".

Na Turquia, país aliado do partido de inspiração islamita Ennahdha, a principal força no parlamento de Tunes, o porta-voz do Presidente turco Recep Tayyip Erdogan "rejeitou a suspensão do processo democrático e o desprezo pelo desejo de democracia do povo".

Na Argélia, o Movimento da Sociedade para a Paz (MSP), a principal formação islamita, denunciou em comunicado um "golpe de Estado contra a Constituição e a vontade popular" dos tunisinos, que salientou ter ficado "expressa nas anteriores legislativas" e apelou ao poder argelino para "apoiar as instituições legítimas na Tunísia".

Segundo uma mensagem da Presidência argelina na rede social Twitter, Kais Saied manteve um contacto telefónico com o seu homólogo argelino Abdelmadjid Tebboune sobre "os últimos desenvolvimentos na Tunísia".

No Cairo, o secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Abul Gheit, transmitiu por telefone ao ministro dos Negócios Estrangeiros tunisino, Othman Jarandi, o "apoio total [da organização] ao povo tunisino".

Em paralelo, a organização não-governamental (ONG) de defesa dos direitos humanos Amnistia Internacional (AI) apelou em comunicado a Cais Saied que "respeite e proteja os direitos humanos, incluindo a liberdade de expressão, associação e de manifestação pacífica".

A ONG disse ainda estar "preocupada" após "um 'raide' alarmante das forças de segurança nos escritórios da [televisão qatari] Al Jazeera em Tunes" e face às "ameaças do Presidente de recorrer à força 'contra os que ameacem a segurança do Estado'".

Outa ONG, os Repórteres em Fronteiras (RSF) também apelaram às autoridades para "o respeito da liberdade de imprensa e do pluralismo dos 'media'", denunciando o encerramento dos escritórios da Al Jazeera.

A nível interno, o Ennahdha, partido de inspiração islamita e principal força no parlamento, criticou duramente a decisão do Presidente e denunciou "um golpe de Estado contra a revolução e a Constituição".

O Presidente tunisino demitiu hoje o ministro da Defesa, um dia após a sua decisão de suspender as atividades do parlamento e demitir o primeiro-ministro, agravando a crise que se prolonga há meses no país magrebino.

Após um dia de manifestações no domingo em numerosas cidades do país contra a gestão da pandemia de covid-19 pelo Governo de Hichem Mechichi, o Presidente Saied despediu o chefe do Governo e anunciou "o congelamento" das atividades do parlamento por 30 dias.

Leia Também: Presidente da Tunísia exonera ministros da Defesa e da Justiça

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