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Governo sudanês admite acordo com Etiópia sobre megabarragem no Nilo Azul

O Governo sudanês afirmou hoje que ainda é possível chegar a um acordo com a Etiópia sobre a megabarragem no rio Nilo Azul, no mesmo dia em que Adis Abeba anunciou a conclusão da segunda fase de enchimento.

Governo sudanês admite acordo com Etiópia sobre megabarragem no Nilo Azul
Notícias ao Minuto

18:43 - 19/07/21 por Lusa

Mundo Nilo Azul

Num comunicado citado pela agência noticiosa Efe, o Ministério dos Recursos Hídricos do Sudão reiterou que Cartum rejeita as "medidas unilaterais da Etiópia", que acusa de ignorar "os interesses legítimos" dos seus vizinhos, que temem que a infraestrutura limite o caudal do rio Nilo.

Na nota, o departamento governamental sudanês refere que "a melhor alternativa à abordagem da Etiópia (...) é continuar as negociações, de boa-fé, para alcançar um acordo jurídico vinculativo e abrangente que proteja os interesses de todas as partes".

O Ministério dos Recursos Hídricos considera ainda que "não é demasiado tarde" para que seja firmado um acordo com Adis Abeba e Cairo.

Atualmente, a Grande Barragem do Renascimento Etíope (GERD, em inglês) está 80% concluída, esperando-se que atinja a plena capacidade de produção em 2023, o que a tornará na maior central hidroelétrica africana e a sétima maior do mundo, segundo órgãos de comunicação social estatais.

Após o fracasso das últimas rondas negociais, realizadas entre 04 e 06 de abril sob os auspícios da presidência rotativa da União Africana, a Etiópia disse que iria avançar com o processo de enchimento da GERD e que fez uma oferta ao Egito e ao Sudão para facilitar a troca de informações sobre o processo, que ambos os países rejeitaram.

Cairo e Cartum, por sua vez, alertaram Adis Abeba sobre a tomada de qualquer "ação unilateral", afirmando que, nessa eventualidade, "todas as opções estarão abertas".

Os dois Estados consideram que o processo de enchimento da barragem pode afetar gravemente os níveis de água do Nilo nos seus respetivos troços.

Sob anonimato, um responsável do Governo de Adis Abeba afirmou hoje, junto da agência France-Presse (AFP), que a segunda fase de enchimento está concluída, devendo ser formalmente oficializada nos próximos dias.

A GERD, avaliada em mais de 4 mil milhões de dólares (mais de 3,5 mil milhões de euros), deverá recolher 13,5 mil milhões de metros cúbicos de água do rio Nilo Azul durante a época chuvosa, aumentando a reserva para 18,4 mil milhões de metros cúbicos, segundo este departamento governamental.

O Nilo Azul, rio que conflui com Nilo Branco e com o rio Atbara, é um dos principais contribuintes do rio Nilo, sendo responsável, durante a estação chuvosa, por até cerca de 80% da água deste último.

Sudão e Egito temem que a construção do projeto, que vai permitir à Etiópia gerar 6.000 megawatts de eletricidade, coloque o caudal do rio Nilo sob o controlo da administração etíope.

A Etiópia considera, por seu lado, que o projeto é estratégico para o seu desenvolvimento, tanto em termos de irrigação, como em termos de produção de eletricidade.

Com cerca de 6.000 quilómetros, o rio Nilo é uma fonte vital para o abastecimento de água e eletricidade para cerca de 10 países da África Oriental.

Leia Também: Etiópia procura apoio para megabarragem junto de países na bacia do Nilo

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