Mulheres são sujeitos e fontes em apenas 25% das notícias

Apenas 25 por cento das notícias do mundo têm as mulheres como sujeitos ou fontes de informação e serão precisos "pelo menos 67 anos" para se atingir a igualdade, constata o último relatório do Global Media Monitoring Project.

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© REUTERS/Kim Hong-Ji

Lusa
14/07/2021 15:05 ‧ 14/07/2021 por Lusa

Mundo

Global Media Monitoring Project

Iniciativa da organização não-governamental World Association for Christian Communication, o estudo 'Who makes the news? [Quem faz as notícias?]', que se realiza a cada cinco anos, é a maior análise sobre o retrato e a representação das mulheres nos media.

O relatório do Global Media Monitoring Project (GMMP) relativo a 2020, hoje divulgado, baseou-se em dados de 116 países, que analisaram um conjunto de 30.172 histórias disseminadas em jornais, rádios, televisões, 'sites' e na rede social Twitter, no mesmo dia.

O estudo conclui que, por este andar, serão precisos "pelo menos 67 anos" para se chegar a uma representação igualitária de homens e mulheres nos media tradicionais (em 2015 estava-se a 72 anos de distância).

Apesar de a percentagem de 25% representar um aumento de apenas um ponto percentual desde o anterior relatório, esta não deixa de ser a primeira vez em que se regista uma evolução desde 2010. A mudança foi "mais visível" na rádio e na televisão, detalha o relatório.

Nas últimas duas décadas, todas as regiões do mundo registaram uma evolução entre os três e os 12 pontos percentuais, com exceção de África, que "estagnou", refere o relatório.

A maior mudança registada pelo sexto relatório do GMMP diz respeito à percentagem de mulheres representadas como "autoridades na matéria": 24% (face aos 19% de 2015).

Reconhecendo "os esforços" das organizações de media para diversificarem os seus "bancos de especialistas", os organizadores do estudo ressalvam, porém, que, ainda assim, as mulheres não chegam sequer a um quarto dos citados e que "os padrões históricos" de recorrer a mulheres mais para efeitos de testemunho ocular ou opinião de senso comum se mantêm.

A subida foi maior nos media digitais, com três pontos mais do que em 2015 -- mas estes reproduzem o padrão dos media tradicionais. Também o Twitter, que liderava a percentagem de igualdade na representação em 2015, desceu três pontos.

"A invisibilidade das mulheres permanece ainda mais marcante nos media com dimensão mundial, que servem grandes audiências", assinala o estudo, dando como exemplo os media transnacionais -- Al-Jazeera, BBC News, CNN International, France 24, Reuters, entre outros --, que têm "um pior desempenho na inclusão das mulheres enquanto sujeitos e fontes de notícia".

No que à geografia diz respeito, apenas a América do Norte e o Pacífico ultrapassam o patamar de 30 por cento de representação de mulheres tanto nos media tradicionais como nos digitais.

A Europa fica-se pelos 28 por cento. Porém, são os media europeus que registam "o mais significativo progresso" desde 1995, data da primeira edição do estudo.

Os autores do estudo consideram que os media "falham" em "dar oportunidade a mais cidadãos" de "contarem as suas histórias" e, com isso, "comprometem o valor das notícias para públicos diversos e múltiplos".

Esse "fracasso em representar a diversidade de pessoas e opiniões" tem não só "implicações no discurso público e na tomada de decisões", mas também "na erosão da confiança no jornalismo", alertam, apontando que os media ficam à margem da tendência de reconhecimento geral do contributo das mulheres para a sociedade.

Por outro lado, quatro em cada 10 histórias é hoje contada por uma mulher jornalista e os indicadores revelam que é mais provável que mulheres jornalistas dediquem atenção a assuntos que interessem às mulheres e que as procurem como fontes de informação (31% das pessoas nas notícias feitas por mulheres jornalistas são mulheres vs. 24% no caso de serem feitas por homens jornalistas).

Ainda assim, "o declínio geral ou a estagnação" acabam por colocar homens e mulheres jornalistas no mesmo patamar e "é hoje tão improvável que as matérias contestem claramente os estereótipos de género como há 15 anos", acabando antes por contribuir para "a normalização e a persistência das injustiças" que noticiam", destaca o estudo.

Leia Também: Covid-19: Presença das mulheres nas notícias não se traduz em mais voz

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