As denominadas Forças de Defesa de Tigray (TDF, na sigla em inglês) lançaram na segunda-feira uma nova ofensiva no sul e oeste do estado, do qual tinham já retomado em grande parte do controlo no final de junho, repelindo as tropas federais etíopes, assim como as forças aliadas de Adis Abeba a combater na região, eritreias e amara, do estado etíope vizinho, levando o Governo de Abiy Ahmed a declarar um cessar-fogo.
"Vamos defender-nos e repelir estes ataques dos nossos inimigos internos e externos, enquanto trabalhamos para acelerar os esforços humanitários", afirmou o chefe do Governo numa declaração divulgada na rede social Twitter.
O primeiro-ministro etíope não especificou a quem se referia com a expressão "inimigos externos".
Abiy Ahmed lançou uma operação militar em Tigray em 04 de novembro de 2020 para desarmar e expulsar as autoridades estaduais eleitas e dissidentes da Frente de Libertação do Povo de Tigray (TPLF, na sigla em inglês), após meses de tensão com o Governo federal, que os tigray consideravam ilegítimo.
O Governo etíope declarou a vitória depois de o exército federal ter capturado a capital estadual, Mekele, em 28 de novembro. A operação foi sempre caraterizada por Adis Abeba como de imposição de segurança e ordem, uma operação de polícia e não de guerra, portanto, mas os combates continuaram.
O conflito atingiu um ponto de viragem em finais de junho, quando as forças leais às autoridades estaduais recuperaram o controlo de grande parte do estado de Tigray, incluindo Mekele, o que levou o Governo federal a declarar um cessar-fogo.
As TDF começaram por considerar o cessar-fogo como uma "brincadeira", acabando por aceitá-lo depois como princípio, ainda que com condições.
Quando o declarou unilateralmente, Abiy Ahmed justificou o cessar-fogo como uma possibilidade que Adis Abeba oferecia à população tigray para aproveitar a época agrícola, assim como para permitir que as operações de ajuda humanitária funcionassem sem entraves.
A guerra em Tigray tem sido marcada por atrocidades, bem como pelo crescente espetro da fome. De acordo com a ONU, mais de 400.000 pessoas já "atravessaram o limiar da fome", e a ajuda humanitária continua a enfrentar grandes dificuldades para chegar às populações carenciadas.
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