Impasses políticos levam Bulgária a segundas eleições em três meses
A Bulgária volta domingo às urnas três meses após o último escrutínio, depois de três tentativas, todas politicamente inviabilizadas, para formar um Governo, o que, face à legislação local, levou o Presidente búlgaro, Rumen Radev, a convocar nova votação.
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Mundo Bulgária
A última tentativa coube ao partido social-democrata (BSP), que obteve a terceira maior votação nas legislativas de 04 de abril, tendo devolvido a tarefa de formação de um governo a Radev a 05 de maio passado.
A tentativa dos sociais-democratas, de que Radev é próximo, foi a última constitucionalmente permitida, pelo que ao Presidente não lhe restou alternativa senão antecipar a votação para domingo.
A 05 de maio, ao anunciar a data das eleições, Radev alertou para a necessidade de se evitar a incapacidade de se formar um novo executivo, uma vez que, caso contrário, a Bulgária cairá "não só numa crise política como constitucional".
Após as legislativas de 04 de abril, marcadas pelo recrudescimento do novo coronavírus e elevada taxa de abstenção, o partido conservador búlgaro GERB, dirigido pelo primeiro-ministro em funções, o populista Boiko Borisov, devolveu 19 dias depois a tarefa de formar Governo, por não conseguir o apoio de qualquer outro partido.
O GERB (Cidadãos para um Desenvolvimento Europeu da Bulgária) foi o partido mais votado nas eleições, ao obter 26% dos votos, menos seis pontos percentuais do que em relação a 2017 e com uma perda de 20 deputados, mas nenhum dos outros cinco partidos no parlamento quis apoiar um executivo dirigido pelos conservadores.
Poucos dias depois, e antes do final de abril, foi o cantor e apresentador de televisão Slavi Trifonov, líder da formação política Este Povo Existe (ITN), que devolveu a tarefa de formar Governo ao Presidente.
O ITN foi o segundo partido mais votado e é uma das novas formações surgidas no país na sequência das manifestações em massa do passado verão que, face a alegados atos de corrupção, pediram a demissão de Borisov, que ganhou as cinco eleições realizadas desde 2009 e foi primeiro-ministro três vezes.
O BSP, que apenas garantiu a terceira posição após um significativo recuo eleitoral, já revelou publicamente, entretanto, a disposição em apoiar o popular cantor, forma que encontrou para se ultrapassar impasse governativo.
Três outros partidos conseguiram representação parlamentar, o Movimento para os Direitos e Liberdades (DPS), representante da minoria turca e muçulmana do país, a formação Bulgária Democrática (DB), um partido conservador que diz representar a "direita urbana e liberal", e a eclética coligação de esquerda Ergue-te! Máfia Fora! (ISMV), também proveniente dos protestos do passado verão.
A previsível repartição dos 240 lugares no parlamento nacional tornará impossível que os três novos partidos de protesto garantam a maioria sem o apoio dos socialistas.
No entanto, estas três formações têm rejeitado qualquer aliança com os três partidos que já garantiam presença no hemiciclo, o GERB, BSP e DPS, que consideram coniventes com o sistema de corrupção instalado na Bulgária, considerado o país mais pobre da União Europeia.
O país dos Balcãs com sete milhões de habitantes, considerado o Estado-membro mais pobre da UE, aderiu à organização em 2007, a par da vizinha Roménia, admitindo-se que possa ser o próximo Estado a aderir à Zona Euro.
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