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Bispos católicos responsabilizam regime por vaga de violência em Caracas

A Conferência Episcopal Venezuelana (CEV) responsabilizou, o Governo venezuelano pela violência dos últimos dias em Caracas, que ocasionou pelo menos nove mortos e 14 feridos, em confrontos entre grupos criminosos e efetivos dos organismos de segurança na Cota 905.

Bispos católicos responsabilizam regime por vaga de violência em Caracas
Notícias ao Minuto

06:47 - 10/07/21 por Lusa

Mundo Venezuela

"O que tornou tão impactante este episódio (...) é que põe em manifesto [revela] algo que todos nós sabíamos, mas que não queríamos ver", explica a CEV num comunicado, divulgado sexta-feira.

O documento, divulgado em Caracas, começa por explicar que "mais uma vez" os bispos têm que "levantar a voz perante a violência e a morte", que os deixa "abalados e tristes ao ver como o medo, a barbárie, o abuso e o ódio, tomam as ruas do país".

"É o resultado de duas décadas em que a violência foi empunhada desde o poder como uma arma política, a torto e a direito, em palavras e atos, como ameaça e como facto consumado. Se os detentores do poder não têm outros meios para impor a sua ideologia ultrapassada que a força e a violência, não há que esperar demasiado tempo para ver uma resposta igualmente violenta", explica o comunicado.

Segundo a CEV "este estouro (de violência) é também a demonstração mais evidente do fracasso de um modelo social e produtivo".

"Se o regime tem feito tudo o que estava ao seu alcance para fazer o impossível para que os cidadãos possam ganhar a vida de uma maneira digna e suficiente, tampouco é surpreendente que haja quem procure ganhar a vida por meios criminosos", sublinham.

A CEV afirma ainda que a situação em Caracas reflete também "o fracasso do Estado como garante da segurança e da paz".

"É óbvio para todos que membros das forças de segurança deixaram de ser garantes de segurança e da convivência pacífica, e em muitos casos abandonaram completamente vastas regiões do país, especialmente zonas rurais e populares. O respeito habitual pela autoridade transformou-se em desconfiança e temor da autoridade, tendo em conta a distorção das funções irregulares que hoje cumprem, incluindo a extorsão e o suborno", explicam.

Por outro lado, os bispos fazem um apelo ao respeito da vida de cada ser humanos, enquanto acompanham em oração "os afetados por esta situação, os que têm medo, que são forçados a mover-se e os que se encontram apanhados no meio dos confrontos".

O comunicado concluiu afirmando que "é o momento da solidariedade com os que sofrem" e convida os venezuelanos "a não desprezar a vida" sublinhando que "cada homem e cada mulher vale o sangue de Cristo: Não desprezemos o que o próprio Deus tanto amou".

Desde a tarde de quarta-feira, nove pessoas faleceram (entre eles três polícias) e pelo menos 14 ficaram feridas, em confrontos entre grupos criminosos e as forças de segurança, no setor da Cota 905, na zona oeste de Caracas.

Os confrontos ocorreram depois de Leonardo José Polanco Angulo, do grupo criminoso "Loco Leo" (que controla dois grandes bairros de Caracas, El Valle e Coche, a sudoeste de Caracas) ter ficado ferido durante um enfrentamento com a polícia.

Os elementos dos gangues decidiram tomar os acessos às localidades de El Paraíso, Santa Rosalia e El Cementério (a oeste), e dispararam desde a parte alta da Cota 905 contra a Autoestrada Norte-Sul, deixando dezenas de motoristas imobilizados, com as suas viaturas, dentro dos túneis de El Cementério.

Os acessos àquelas localidades estão custodiados por funcionários das Forças de Ações Especiais (FAES) que conseguiram chegar e destruir vários refúgios usados pelos criminosos.

Desde finais de abril que as autoridades venezuelanas tentam desarticular os grupos criminosos "El Vampi", "Garbis", "Koki" e "Loco Leo", que durante várias semanas tomaram o controlo de vários bairros, entre eles La Vega e o setor conhecido como Cota 905.

Quinta-feira as autoridades venezuelanas subiram de 100 mil para 500 mil dólares (de 845 para 422,5 mil euros) a recompensa por informações que levem à detenção dos cabecilhas do grupo criminoso "Koki".

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