Bielorrússia bloqueia meios de comunicação social e detém jornalistas
As autoridades bielorrussas bloquearam o portal 'online' de um meio de comunicação, detiveram vários jornalistas e efetuaram buscas que envolveram três outros órgãos de media dissidentes do regime e independentes.
© Reuters
Mundo Bielorrússia
O Ministério da Informação da Bielorrússia afirmou que o bloqueio do portal do semanário Nasha Niva se deveu à divulgação de informações ilegais.
A Associação de Jornalistas da Bielorrússia (BAJ, na sigla em inglês) disse que as autoridades realizaram buscas nas redações do Nasha Niva, detiveram o editor-chefe Yahor Martsinovich e o editor Andrey Skurko e revistaram os seus apartamentos, "sob o pretexto de combater o extremismo".
"A repressão contra os meios de comunicação independentes na Bielorrússia continua", disse o presidente da BAJ, Andrei Bastunets.
"As autoridades decidiram que podem privar milhões de cidadãos de informação. As autoridades veem os jornalistas e a informação independente como os seus principais inimigos", sublinha.
Agentes da agência de segurança estatal bielorrussa, que ainda mantêm o nome KGB, também realizaram buscas hoje em escritórios de outros dois meios de comunicação regionais, o Brest Gazette, na cidade de Brest, e o Intex-press, na cidade de Baranavichy.
Os agentes do KGB ainda detiveram Ihar Kazmerchak, o editor do portal de notícias Orsha.eu, e revistaram a habitação do fotógrafo Dzyanis Dubkou, na cidade de Orsha.
Um jornalista do Nasha Niva, Artsem Harbatsevich, comparou a repressão à ação anterior das autoridades contra o portal noticioso independente Tut, que viu o seu 'website' bloqueado e 12 dos seus jornalistas detidos no passado mês de maio.
Nasha Niva, o jornal fundado em 1906, é o meio de comunicação mais antigo da Bielorrússia e conta com mais de 100.000 leitores mensais.
O Nasha Niva, juntamente com o portal Tut, dinamizaram protestos contra a reeleição considerada fraudulenta do Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, em agosto de 2020.
As autoridades responderam às manifestações com uma repressão maciça que contou com a detenção de mais de 35.000 pessoas e milhares de cidadãos espancados pela polícia.
Figuras importantes da oposição foram presas ou forçadas a abandonar o país, como a principal candidata da oposição, Sviatlana Tsikhanouskaya, que fugiu da Bielorrússia depois das últimas eleições.
"O regime tem tanto medo da verdade que bloqueia todos os meios de comunicação independentes, nega a acreditação a jornalistas estrangeiros, fecha gabinetes editoriais, bloqueia editoriais e coloca editores atrás das grades", disse Tsikhanouskaya, incentivando os bielorrussos a subscrever canais de comunicação pela rede social Telegram.
"Eles esperam que se raptarem jornalistas e fecharem os meios de comunicação social, as pessoas esqueçam as falsificações, a violência e as repressões do regime". Mas a nossa memória e a verdade são mais fortes do que isso", acrescentou.
A União Europeia e os Estados Unidos responderam à repressão reforçando as sanções aplicadas na Bielorrússia, depois do Governo de Lukashenko ter desviado um avião para prender Roman Protasevich, um jornalista do canal independente Nexta.
Lukashenko acusa o Ocidente de tentar limitar a soberania da Bielorrússia e afirma que está a defender os cidadãos e o país.
No total, 27 jornalistas bielorussos estão atualmente detidos, a cumprir as penas ou a aguardar julgamento, de acordo com a BAJ.
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