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Ex-diretor nega ter pedido suborno em negociação de vacinas no Brasil

O ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde do Brasil Roberto Ferreira Dias negou hoje ter pedido suborno numa negociação para a compra de vacinas contra a covid-19, propostas pela empresa Davati Medical Supply ao país.

Ex-diretor nega ter pedido suborno em negociação de vacinas no Brasil
Notícias ao Minuto

19:41 - 07/07/21 por Lusa

Mundo Covid-19

Em depoimento à comissão parlamentar de inquérito (CPI) que investiga a resposta do Governo brasileiro na pandemia, Dias negou ter pedido suborno de um dólar por dose numa negociação de 400 milhões de vacinas da AstraZeneca.

A AstraZeneca nega realizar a venda do imunizante através de intermediárias no Brasil e, portanto, a existência destas doses está em causa. No entanto, existem documentos que apontam que a empresa Davati Medical Supply, através do polícia militar Luiz Paulo Dominguetti e outros representantes, procurou o Governo do Brasil para propor doses do imunizante deste laboratório.

Segundo depoimento de Dominguetti à CPI, na semana passada, houve uma proposta da Davati, mas a venda de 400 milhões de doses da AstraZeneca ao Governo do Brasil não se concretizou porque funcionários do Ministério da Saúde, incluindo Dias, teriam pedido suborno de um dólar por dose para fazer o contrato avançar.

Já o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde disse hoje que nunca pediu "nenhum tipo de vantagem a Dominguetti nem a ninguém".

"Ele é um 'picareta' [pessoa desonesta] que aplicava golpes. Estou sendo acusado sem provas e estou sendo massacrado na 'media' todos os dias. Meu único pedido aqui é poder falar", acrescentou.

Ferreira Dias foi demitido do Ministério da Saúde em 29 de junho quando o seu nome foi relacionado a este e outro suposto caso de corrupção no Ministério da Saúde, que envolve a compra da vacina indiana Covaxin.

Questionado pelos senadores da CPI sobre os motivos da sua demissão, o ex-diretor afirmou que sua "exoneração se deve ao facto fantasioso de suborno de um dólar".

O ex-diretor de Logística também negou ter negociado vacinas num encontro com Dominguetti e dois militares que aconteceu num 'shopping' em Brasília no final de fevereiro e alegou ter encontrado o representante da Davati acidentalmente quando foi tomar uma cerveja com um amigo após o horário de trabalho.

"Esse jantar não era com fornecedor, era com o amigo José Ricardo. Era um 'chope' [cerveja] casual por volta das 18:30 e das 19:00. No restaurante chegou o coronel [Marcelo] Blanco e o Dominghetti. Eventualmente, eu converso com o coronel Blanco. Ao sentar à mesa, ele [Dominghetti] se apresentou", relatou.

Dias frisou inúmeras vezes que não era atribuição do cargo que ocupava no Ministério da Saúde negociar vacinas, o que levou os senadores da CPI a questioná-lo inúmeras vezes.

A senadora Eliziane Gama perguntou-lhe se não achava coincidência demais ir a um 'shopping', num restaurante, com um amigo que tem experiência exatamente nessa área de compra de medicamentos e encontrar por acaso um negociante oferecendo 400 milhões de vacinas ao lado de um ex-assessor seu.

"É muita coincidência, e o negociante [Dominghetti] estava hospedado num hotel em frente ao 'shopping' e já havia apresentado propostas à pasta. E tudo é agendado rapidamente para que o senhor receba essa pessoa no dia seguinte no ministério. Não consigo acreditar na sua versão, me desculpa", ponderou a senadora.

Noutro momento, Ferreira Dias confirmou que recebeu Amilton Gomes, um reverendo e fundador da organização não-governamental evangélica Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah) que também é mencionada nas investigações sobre a oferta de vacinas da Davati Medical Supply ao Governo brasileiro.

"Recebi o reverendo Amilton em minha sala uma única vez, foi uma agenda oficial. A retórica era a mesma: possuía 'x' doses disponíveis e não possuía a carta de representação do fabricante [AstraZeneca]", alegou Dias.

Segundo o ex-diretor, as negociações de vacinas estavam concentradas na Secretaria Executiva do Ministério da Saúde e não no departamento que liderava.

O depoente também sugeriu que seu nome foi envolvido nesta e noutra investigação de corrupção por vingança já que negou um suposto pedido de promoção de cargo feito por Luís Ricardo Miranda, funcionário do Ministério da Saúde e irmão do deputado Luis Miranda, que contou na CPI ter levado ao conhecimento do Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, um suposto esquema de corrupção no contacto de compra da vacina Covaxin, do laboratório indiano Bharat Biontech.

Segundo Dias, o deputado Luis Miranda pode ter alguma relação com as acusações contra si já que recusou o cargo pretendido por seu irmão.

"Estou tentando descobrir a quem interessa tudo isso, todo esse ciclo fecha no deputado Luis Miranda", sugeriu.

O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo ao contabilizar 526.892 vítimas mortais e mais 18,8 de milhões de casos confirmados de covid-19.

A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 3.996.519 mortos em todo o mundo, resultantes de mais de 184,4 milhões de casos de infeção pelo novo coronavírus, segundo o balanço mais recente feito pela agência France-Presse.

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