Trudeau adiantou que ele próprio foi encarregue de informar a Rainha Isabel de Inglaterra para que a nomeação de Mary Simon seja aprovada.

"Estamos honrados em ter Mary Simon como a primeira Governadora Geral indígena. Hoje, depois de 154 anos, o nosso país está a alcançar um marco importante. Não vejo pessoa melhor ainda", afirmou Trudeau numa conferência de imprensa.

Ao agradecer ao primeiro-ministro canadiano, Mary Simon, agora a 30.ª Governadora Geral canadiana, referiu tratar-se de uma "oportunidade histórica", salientando que Trudeau está a fazer da reconciliação com os povos indígenas uma de suas prioridades. 

"Posso dizer com confiança que a minha nomeação é um momento histórico e inspirador para o Canadá, e um passo importante no longo caminho para a reconciliação", acrescentou.

Mary Simon, da etnia Inuit (aborígenes do Ártico canadiano), vai substituir no cargo Julie Payette, que se demitiu em janeiro deste ano no meio de acusações de assédio laboral.

A futura governadora geral do Canadá, 73 anos, é uma destacada líder Inuit que dedicou a sua vida á defesa dos direitos da população indígena.

Em 1986, foi eleita presidente da Conferência Circumpolar Inuit (CCI), organização criada em 1977 para defender os direitos dos povos da nação indígena esquimó nos oito países com territórios no Ártico.

Em 2002, foi nomeada pelo Canadá como a primeira embaixadora no Ártico.

A nomeação de Mary Simon, cujo mandato é tradicionalmente de cinco anos, ocorre no meio de uma crise provocada pela descoberta, nas últimas semanas, de 751 sepulturas não identificadas de crianças indígenas canadianas nas chamadas residências escolares do país na Colúmbia Britânica.

Estes internatos foram criados pelo Canadá no final do século XIX para eliminar as culturas indígenas do país e assimilar a população aborígene. 

Cerca de 150.000 crianças Ameríndias, Métis e Inuit, recrutadas à força até a década de 1990 em 139 escolas residenciais em todo o país, foram isoladas das suas famílias, da sua língua e da sua cultura.

O Canadá é uma monarquia constitucional cujo chefe de estado nominal é o monarca inglês, que delega as funções ao Governador Geral do país. 

O nome do Governador Geral é proposto pelo primeiro-ministro canadiano à Rainha de Inglaterra, que deve aprovar a eleição. O cargo é essencialmente formal, embora todas as leis canadianas exijam que a sua assinatura entre em vigor. 

Desde a renúncia de Payette, a 22 de janeiro, o cargo tem sido ocupado temporariamente pelo presidente do Supremo Tribunal de Justiça do Canadá, Richard Wagner.

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