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Autoridades chinesas processam monges tibetanos por "crimes dúbios"

As autoridades chinesas processaram quatro monges na Região Autónoma do Tibete com penas de até 20 anos de prisão, por "crimes dúbios", acusou hoje a organização Human Rights Watch.

Autoridades chinesas processam monges tibetanos por "crimes dúbios"
Notícias ao Minuto

14:09 - 06/07/21 por Lusa

Mundo HRW

As sentenças refletem a pressão crescente sobre as autoridades locais para restringirem as comunicações 'online' e punirem a expressão pacífica como uma ameaça à segurança.

Num relatório de 61 páginas intitulado "Processem-nos com grande poder: A repressão chinesa ao mosteiro Tengdro e as restrições às comunicações no Tibete", a organização detalha a repressão das autoridades aos monges tibetanos no mosteiro de Tengdro.

A organização conta que, em setembro de 2019, a polícia em Lhasa, a capital tibetana, encontrou mensagens privadas num telemóvel perdido por Choegyal Wangpo, um monge tibetano.

Várias das mensagens foram trocadas com monges tibetanos que vivem no Nepal.

A polícia realizou então buscas no mosteiro, resultando em várias prisões, um suicídio e, em 2020, no julgamento secreto de quatro monges.

"As sentenças, sem precedentes, dos monges de Tengdro, refletem uma tempestade perfeita no Tibete", disse Sophie Richardson, diretora da Human Rights Watch para a China.

"A suposição do Governo chinês de que monges tibetanos são potencialmente subversivos, o aumento da segurança na fronteira e o aumento das restrições às comunicações 'online' e doações religiosas combinaram-se para criar um chocante erro judicial", apontou.

Os quatro monges - Choegyal Wangpo, Lobsang Jinpa, Norbu Dondrup e Ngawang Yeshe - receberam sentenças de 20, 19, 17 e 5 anos, respetivamente, embora trocar mensagens com o exterior não viole a lei chinesa.

Em outubro de 2020, logo após a condenação dos monges, a Human Rights Watch informou sobre a detenção de dois tibetanos por enviar remessas a familiares na Índia.

Um dos tibetanos morreu devido aos ferimentos infligidos sob custódia.

Desde então, houve vários relatos na imprensa tibetana fora da China de reuniões realizadas por autoridades locais na Região Autónoma do Tibete e em outras áreas tibetanas para ameaçar os residentes contra o contacto com familiares fora da China.

"O caso dos monges de Tengdro demonstra a maneira arbitrária e extrema com que as restrições às comunicações 'online' estão a ser aplicadas em todas as áreas tibetanas", apontou a HRW.

"Os monges presos devem ser libertados imediatamente e os governos estrangeiros e as Nações Unidas devem pressionar o Governo chinês a respeitar os direitos humanos dos tibetanos", apelou.

Essas recomendações ecoam o apelo de 50 especialistas em Direitos Humanos da ONU para estabelecer um mecanismo de monitorização permanente da China.

"O tratamento horrível dado aos monges de Tengdro aponta para a pressão do Governo chinês sobre as autoridades no Tibete para encontrar e punir casos de subversão política - mesmo que a suposta subversão seja fruto da sua imaginação", escreveu Richardson.

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