Meteorologia

  • 25 ABRIL 2024
Tempo
18º
MIN 13º MÁX 19º

China alega segurança para reforçar escrutínio sobre grupos de tecnologia

A China ampliou, nos últimos dias, o escrutínio sobre empresas de tecnologia do país que detêm importantes bases de dados, depois de várias firmas emitirem títulos no mercado de capitais norte-americano.

China alega segurança para reforçar escrutínio sobre grupos de tecnologia
Notícias ao Minuto

12:06 - 05/07/21 por Lusa

Mundo China

Após ordenar a remoção da aplicação ('app') da empresa de serviços de transporte compartilhado Didi, o 'Uber chinês', no âmbito de uma investigação anunciada na semana passada, a administração do Ciberespaço da China anunciou hoje que está também a investigar a Boss Zhipin, uma empresa que faz recrutamento 'online', e as aplicações chinesas de partilha de camiões Yunmanman e Huochebang, que se fundiram em 2017 para formar a Full Truck Alliance.

As plataformas não têm permissão para registar novos utilizadores enquanto as investigações estão a decorrer.

O anúncio citou suspeitas de violações da segurança nacional da China e das leis de segurança do ciberespaço, sem fornecer detalhes.

As medidas do regulador marcam uma nova ofensiva contra as empresas de tecnologia do país, invocando regulamentos de segurança que não tinham sido utilizados até então.

O regulador disse que as investigações estão a ser conduzidas de acordo com os novos procedimentos para o ciberespaço, promulgados em junho, que reforçam a supervisão das empresas que operam infraestruturas críticas de tecnologia da informação, suscetíveis de afetar a segurança nacional.

Tal como a Didi, a Full Truck Alliance e a Boss Zhipin entraram recentemente nas bolsas norte-americanas.

Os três grupos de tecnologia são líderes da indústria na China e são todos apoiados pela Tencent, o grupo de tecnologia mais valioso da China, que evitou o pior da ação regulatória.

O anúncio causou receios nos mercados asiáticos.

O grupo japonês SoftBank, cujo Vision Fund é um grande investidor no Didi, caiu 5,4%, enquanto os grupos de Internet Alibaba e Tencent caíram 2,9% e 3,7%, respetivamente, em Hong Kong.

As ações do Didi caíram 5,3% na sexta-feira, dois dias depois de a empresa se ter estreado na Bolsa de Valores de Nova Iorque.

Os reguladores já tinham visado empresas como o Ant Group, o Alibaba e o Meituan, pilares do comércio eletrónico do país, por práticas monopolísticas.

"As declarações dos reguladores [chineses] nos últimos meses deixam claro que a primeira responsabilidade das empresas é garantir a segurança dos dados antes de irem para o exterior", disse Kendra Schaefer, analista de tecnologia da Trivium, uma consultora com sede em Pequim.

"A mensagem é: as empresas são bem-vindas a realizarem IPO [entrada em bolsa] no exterior, desde que a sua situação doméstica esteja em ordem", apontou.

O Global Times, um jornal oficial do Partido Comunista Chinês, apontou que, a partir do momento que as empresas têm acionistas estrangeiros, proteger as informações pessoais dos utilizadores torna-se uma questão de segurança nacional.

"Um gigante da Internet não pode, de todo, ter um comando melhor do que o Estado sobre a base de dados, que são os dados pessoais do povo chinês", escreveu hoje o jornal, em editorial.

A medida surge depois de 34 empresas chinesas terem arrecadado um recorde de 12,4 mil milhões de dólares (10,4 mil milhões de euros) com a venda de ações no mercado de capitais norte-americano, no primeiro semestre de 2021.

Os reguladores dos Estados Unidos intensificaram também o escrutínio sobre as empresas chinesas listadas no país, depois de a Luckin Coffee ter insuflado as suas receitas em centenas de milhões de dólares, num escândalo que alimentou receios sobre os padrões de auditoria e transparência.

Segundo uma lei aprovada em dezembro pelo Congresso norte-americano, as empresas chinesas que negoceiam nas bolsas do país podem ser excluídas caso não forneçam às autoridades norte-americanas acesso a contas de auditoria, o que é proibido por Pequim, que alega motivos de segurança nacional.

Leia Também: 'Uber chinês' adverte para queda na faturação após 'app' ser banida

Recomendados para si

;
Campo obrigatório