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Eslovénia acusa UE de "dois pesos e duas medidas" sobre Estado de Direito

O primeiro-ministro esloveno, Janez Jansa, cujo país assumiu a presidência rotativa da União Europeia, denunciou hoje a política de "dois pesos e duas medidas", contra as nações acusadas de atentado aos valores europeus.

Eslovénia acusa UE de "dois pesos e duas medidas" sobre Estado de Direito
Notícias ao Minuto

19:01 - 02/07/21 por Lusa

Mundo Janez Jansa

Kranj, Eslovénia, 02 jul 2021 (Lusa) -- O primeiro-ministro esloveno, Janez Jansa, cujo país assumiu a presidência rotativa da União Europeia, denunciou hoje a política de "dois pesos e duas medidas", contra as nações acusadas de atentado aos valores europeus.

"A União Europeia não é uma união sem a Europa Central", declarou o líder conservador, de 62 anos, à frente do Governo deste país de dois milhões de habitantes oriundos da ex-Jugoslávia.

A Eslovénia assumiu na quinta-feira a presidência de seis meses da UE, em que uma das prioridades será a preparação do alargamento da união aos países dos Balcãs Ocidentais.

Contudo, o dia de início de presidência foi tenso, marcado por críticas de Bruxelas à liberdade de imprensa e por um incidente com o vice-presidente da Comissão responsável pelo Acordo Verde, Frans Timmermans, sobre a independência dos juízes.

"Não temos problema com ninguém que queira investigar o que quer que seja: o Estado de Direito, a liberdade de imprensa, o financiamento dos 'media'", disse Jansa numa conferência de imprensa.

Mas "a Eslovénia não é uma colónia (...) Insistimos num tratamento totalmente igualitário", avisou o primeiro-ministro, denunciando "tentativas" de Bruxelas de tratar "os países mais pequenos como países de segunda classe".

Jansa alertou contra uma política de "duplos critérios" que poderá levar ao "colapso" da UE, referindo-se ao caso em que Polónia e Hungria estão na mira de Bruxelas por levarem a cargo reformas que podem minar a independência dos juízes, mas também por violações dos direitos das pessoas LGBT.

Na cimeira europeia da semana passada, o primeiro-ministro esloveno não acrescentou a sua voz às críticas contra o seu homólogo húngaro, Viktor Orban, sobre a polémica lei que proíbe a "promoção" da homossexualidade junto dos menores.

O primeiro-ministro esloveno também deixou de lado as observações de Frans Timmermans, que se recusou na quinta-feira a juntar-se à tradicional foto de grupo, por ocasião do lançamento da presidência semestral do Conselho da Europa.

O holandês, ex-comissário encarregado do caso sobre o Estado de Direito, pretendia protestar contra "um ataque inaceitável e difamatório" de Janez Jansa contra dois juízes eslovenos.

"Houve questões concretas sobre o Estado de Direito e nós respondemos", disse Janez Jansa, que regularmente denuncia o enviesamento à esquerdista dos meios de comunicação e do sistema judicial no seu país.

"Se um comissário se sentir ofendido, devo dizer que não fomos nós que iniciamos o debate, mas apenas esclarecemos alguns pontos. Se ele não gosta da verdade, é um problema dele", acrescentou Jansa.

Pouco antes, o ministro do Interior da Eslovénia, Ales Hojs, lançou um insulto velado aos jornalistas contra uma autoridade europeia não identificada.

"Talvez depois de tudo o que ouvi ontem, eu pudesse chamar um certo indivíduo de porco", disse Hojs, referindo-se a apenas a alguém "que tem uma posição elevada na burocracia europeia", tendo posteriormente negado que se tratasse de Frans Timmermans.

Janez Jansa também criticou os jornalistas presentes pela cobertura tendenciosa e divulgou um pequeno vídeo com o objetivo de mostrar "o outro lado da moeda" sobre a liberdade de imprensa.

O Partido Democrático Esloveno (SDS) de Janez Jansa faz parte da família política europeia de direita, o PPE, do qual se afastou Viktor Orban, em março.

Orban, juntamente com cerca de 15 aliados europeus de extrema-direita ou conservadores, incluindo o Partido da Justiça, na Polónia, e o partido de Marine Le Pen, em França, emitiu um comunicado, lançando a pedra basilar para uma futura aliança no Parlamento Europeu.

Leia Também: Estado de direito domina encontro da Comissão com presidência eslovena

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