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Rússia acusa Ocidente de impor regras e eliminar "vozes dissidentes"

Rússia acusa o Ocidente de impor regras a seu bel-prazer, "onde nenhuma voz dissidente pode ser ouvida", querendo forçar Moscovo e Pequim a obedecer às suas exigências.

Rússia acusa Ocidente de impor regras e eliminar "vozes dissidentes"
Notícias ao Minuto

12:18 - 29/06/21 por Lusa

Mundo Conflito

Num artigo publicado na segunda-feira na revista Rússia nos Assuntos Internacionais, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, lançou um duro ataque à estratégia dos países ocidentais, liderados pelo Governo norte-americano do Presidente Joe Biden, por tentar impor um conjunto de regras "ditas democráticas", sem ter em conta os interesses de quem tem diferentes perspetivas sobre a ordem global.

Lavrov criticou as recentes cimeiras dos EUA com a NATO, no G7 e com a União Europeia, dizendo que se tratou de uma encenação para deixar "uma mensagem clara" de que o Ocidente "está unido como nunca e fará o que acredita estar certo nos assuntos internacionais, forçando os outros, especialmente a Rússia e a China, a seguir o seu caminho".

"Foi como se um coro tivesse sido ensaiado para cantar com o vocalista principal", escreveu Lavrov, referindo-se às recentes reuniões do Presidente Joe Biden na Europa, argumentando que "os documentos adotados nas cimeiras da Cornualha e de Bruxelas cimentaram as regras do conceito de ordem mundial como um contrapeso aos princípios universais da lei internacional, que têm a Carta das Nações Unidas como fonte primária".

"Isso implica colocar as sociedades em conformidade com a visão de democracia pregada por Washington e Bruxelas. Isso está na raiz das exigências de que Moscovo e Pequim, assim como todos os outros, sigam as prescrições ocidentais sobre direitos humanos, sociedade civil, tratamento da oposição, 'media', 'governance' e interação entre os poderes", argumentou o chefe da diplomacia russa.

Lavrov lembrou que, na língua russa, as palavras "lei" e "regra" têm a mesma raiz etimológica, mas que em inglês, "law" (lei) e "rule" (regra) têm raízes diferentes, com a palavra "rule" a estar associada a "ruler" (o que governa).

"Veem a diferença? 'Regra' não tem a ver com a lei, no sentido de leis comummente aceites, mas sobre as decisões tomadas por quem governa", escreveu Lavrov, dizendo que esta diferença linguística se reflete no sentimento político em que o Ocidente procura impor as suas regras como se fossem baseadas em leis universalmente aceites.

"A insistência e mesmo a teimosia demonstrada pelo Ocidente em impor as suas 'regras' são marcantes. Claro, a política interna é um fator, com a necessidade de mostrar aos eleitores o quão dura pode ser a sua política externa ao lidar com 'adversários autocráticos' durante cada ciclo eleitoral, o que acontece a cada dois anos nos Estados Unidos", conclui o ministro dos Negócios Estrangeiros russo.

A partir deste argumento, Lavrov explica por que é que a tentativa de o Presidente francês, Emmanuel Macron, e de a chanceler alemã, Angela Merkel, de marcar uma cimeira da União Europeia com o Presidente russo, Vladimir Putin, fracassou.

"Observadores notaram que a cimeira Rússia-EUA, em Genebra, foi o equivalente a um sinal verde para que os Estados Unidos autorizassem essa reunião. Mas os Estados Bálticos, aliando-se à Polónia, interromperam essa tentativa 'descoordenada' de Berlim e de Paris, enquanto os ucranianos convocaram os embaixadores na Alemanha e na França para explicar as ações dos seus governos", explicou Lavrov.

"O que saiu dos debates na cimeira de Bruxelas foi uma instrução da Comissão Europeia (...) para conceber novas sanções contra Moscovo, sem se referir a nenhum 'pecado' específico, por precaução. Sem dúvida, eles vão inventar alguma coisa, caso seja necessário", concluiu o chefe da diplomacia russa.

Para Lavrov, nem a NATO, nem a União Europeia querem divergir da sua política de "subjugar outras regiões do planeta, proclamando uma missão messiânica global", que essencialmente quer contribuir para a "hegemonia dos EUA na região do Índico e do Pacífico, claramente para travar a China".

Assim, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo defende que, no que diz respeito ao seu país, "está na altura d que todos compreendam que foi desenhada uma linha que não pode ser ultrapassada para quem quiser jogar" com o Kremlin.

"É essencial que o Ocidente compreenda que esta é uma visão de mundo firmemente arraigada entre o povo da Rússia, refletindo a atitude da esmagadora maioria. Os opositores 'irreconciliáveis' do Governo russo, que colocaram as suas apostas no Ocidente e acreditam que todos os infortúnios da Rússia surgem da sua postura antiocidental, defendem concessões unilaterais para ver as sanções suspensas e receber ganhos financeiros hipotéticos", avisou Lavrov.

E o chefe da diplomacia russa deixa um conselho para quem quiser aprender a lidar com o Kremlin nos próximos anos.

"Quanto à questão de como proceder no cenário internacional, que não fiquem dúvidas de que os líderes sempre terão um papel importante, mas eles devem reafirmar a sua autoridade, oferecer novas ideias e liderar por convicção, não por ultimatos", recomenda Lavrov.

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