Conservadores alemães apresentam programa eleitoral para o pós-Merkel
Grandes favoritos nas próximas legislativas, que assinalam o fim da era Merkel, os conservadores alemães apresentaram hoje o seu programa eleitoral, que afasta qualquer aumento de impostos e defende o rigor orçamental.
© Reuters
Mundo Alemanha
Depois de travarem uma luta sem tréguas para representar a união conservadora CDU-CSU nas legislativas de 26 de setembro, Armin Laschet, o candidato escolhido, e Markus Söder, o seu popular adversário bávaro, apresentaram hoje em conjunto o programa eleitoral, numa conferência de imprensa.
O texto de 139 páginas foi aprovado, nas suas grandes linhas, no domingo, numa sessão à porta fechada da direção dos democratas-cristãos (CDU) e dos social-cristãos da Baviera (CSU), os últimos a divulgar o que tencionam fazer se continuarem ao comando da Alemanha, após os 16 anos de Angela Merkel no poder.
Os outros dois candidatos à chefia do Governo alemão, os ambientalistas Verdes e os social-democratas do SPD, apresentaram os respetivos programas eleitorais em março.
A chanceler cessante comentou hoje o conteúdo do documento, dizendo que nele se reconhece o facto de o mundo pós-pandemia representar uma "mudança de era", segundo participantes numa reunião da CDU.
O programa eleitoral dos conservadores foi apresentado numa altura em que, segundo as sondagens, o bloco CDU-CSU está de volta à liderança nas intenções de voto, depois de, no início deste ano, ter caído para níveis abaixo dos Verdes, devido ao descontentamento com o arranque lento da campanha de vacinação contra o coronavírus SARS-CoV-2 no país, a um escândalo relacionado com o envolvimento de alguns deputados em negócios lucrativos de fornecimento de máscaras e a disputas internas sobre quem seria o candidato a suceder a Merkel na chefia do executivo.
O seu manifesto, intitulado "Programa de Estabilidade e Renovação", reflete o desafio de tentar manter a popularidade conquistada por Angela Merkel - que há muito decidiu que não se candidataria a um quinto mandato de quatro anos --, propondo, ao mesmo tempo, algo de novo.
"Queremos tornar o nosso país mais rápido, mais eficiente e mais digital", declarou Laschet.
"A Alemanha deve tornar-se um líder nas novas tecnologias; o nosso país deve estar no topo em matéria de proteção climática e deve dotar-se de mais capacidade para resistir a pandemias, ciberataques, populismo, extremismo e crises económicas", vincou.
"A nossa proposta consiste em combinar proteção climática com robustez económica e segurança social: faremos da Alemanha um país industrial neutro para o clima, com empregos bons e estáveis", disse o candidato conservador, que pretende aplicar o compromisso do atual Governo de reduzir a zero as emissões de gases com efeito de estufa até 2045.
O programa é vago, contudo, quanto à forma como os preços para a emissão de dióxido de carbono evoluirão, indicando apenas: "Queremos estabilizar o movimento dos preços de CO2 e passar o mais rapidamente possível para a negociação das emissões europeias para mobilidade e aquecimento".
O bloco conservador assinala como objetivo manter um orçamento equilibrado, o que a Alemanha conseguiu durante anos sob a liderança de Merkel, mas que descarrilou devido à pandemia, e mantém-se fiel à aversão do centro-direita a aumento de impostos, mesmo após as grandes despesas feitas para combater a crise de covid-19.
"A questão fundamental é... pensam que entrará mais dinheiro [nos cofres do Estado] com aumentos de impostos? Ou estão convencidos, pela experiência que tivemos antes da pandemia, em que não tivemos aumento de impostos durante anos mas o Estado obteve mais receitas, de qualquer maneira, porque houve crescimento económico?", perguntou Laschet, indicando que cortar na burocracia e na regulação trará mais receitas de impostos.
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