Meteorologia

  • 29 MARçO 2024
Tempo
13º
MIN 8º MÁX 15º

Etiópia rejeita acusação do enviado da UE de "limpeza étnica" em Tigray

A Etiópia rejeitou hoje acusações do enviado da União Europeia a este país, que afirmou que líderes etíopes comunicaram a intenção de fazer uma "limpeza étnica" na região de Tigray, onde o Governo mantém uma ofensiva armada desde novembro.

Etiópia rejeita acusação do enviado da UE de "limpeza étnica" em Tigray
Notícias ao Minuto

23:57 - 18/06/21 por Lusa

Mundo Tigray

"Quando encontrei os líderes etíopes em fevereiro, eles usaram esse tipo de linguagem, que iam destruir as pessoas de Tigray, que iam aniquilá-los por cem anos", disse o enviado e ministro dos Negócios Estrangeiros da Finlândia, Pekka Haavisto, num briefing do Parlamento Europeu, na terça-feira.

"Para mim, isto refere-se a atrocidades e crimes muito graves contra os direitos humanos. Se se continuar a eliminar a minoria nacional, do que estamos a falar? (...) Parece-nos uma limpeza étnica", disse Haavisto, sem especificar quem fez os comentários.

Durante a sua visita em fevereiro como enviado da UE, o chefe da diplomacia finlandesa encontrou-se com o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, e vários ministros, entre outras autoridades.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Etiópia disse, em comunicado publicado hoje, que as declarações do enviado da UE são "uma mentira completa" e "uma espécie de alucinação ou lapso de memória de algum tipo".

O governo etíope, que sempre considerou a pressão internacional a favor da cessação das hostilidades como uma interferência na sua soberania, também acusou Haavisto de querer "minar o governo etíope" e denunciou que as suas palavras têm um "tom colonial".

Da mesma forma, Addis Abeba afirmou que a Frente Popular de Libertação do Tigray (FPLT) - partido que governou a região norte até o início da ofensiva - não pode ser chamada de "oposição" ou falar em "cessar-fogo", como faz o enviado europeu, porque este grupo foi designado como "terrorista" pela câmara baixa do Parlamento no dia 06 de maio.

Esta decisão foi adotada sem a presença de nenhum deputado que representasse o Tigray.

No seu discurso, Haavisto também fez referência à violência sexual contra as mulheres e afirmou que "é incrível e é algo que provavelmente não aconteceu antes em outras guerras nesta região".

Organizações de direitos humanos e as Nações Unidas denunciaram o uso da violência sexual como arma de guerra no conflito, o que também é corroborado por depoimentos de trabalhadores médicos, e embora mais de mil casos tenham sido documentados até agora, os números reais podem ser maiores.

A guerra em Tigray deflagrou em 04 de novembro, depois de o Governo central ter atacado a FPLT em retaliação a um suposto ataque das forças de Tigray a uma base do exército federal.

Desde então, milhares de pessoas morreram, cerca de dois milhões foram deslocados internamente na região e pelo menos 75.000 etíopes fugiram para o vizinho Sudão, um país que faz fronteira com Tigray, segundo dados oficiais.

A Etiópia realiza as sextas eleições gerais em 21 de junho.

O primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, disse na quarta-feira, último dia de campanha para as eleições legislativas e regionais, que espera eleições pacíficas no país, apesar da guerra e conflitos que atingem o país.

As eleições de 21 de junho são cruciais para Ahmed, que, depois de ter sido nomeado primeiro-ministro em 2019, quer agora a legitimação popular do seu poder.

As eleições estavam inicialmente agendadas para agosto de 2020, tendo sido várias vezes devido à pandemia de covid-19 e serão realizadas num contexto de violência intercomunitária e em que a região norte de Tigray enfrenta uma grave crise de fome após sete meses de conflitos.

As eleições, apresentadas como nacionais, não serão realizadas em quase um quinto dos 547 círculos eleitorais do país: em 64 a votação foi adiada para 06 de setembro devido a insegurança ou falhas na logística, e nos 38 de Tigray, para onde o primeiro-ministro enviou o Exército federal em novembro para retirar as autoridades regionais dissidentes.

Alguns partidos políticos da oposição, incluindo dois em Oromia, a maior e mais populosa região do país, estão a boicotar o ato eleitoral.

A nível internacional, as eleições levantam preocupação.

Leia Também: União Africana diz que investigação sobre o Tigray vai prosseguir

Recomendados para si

;
Campo obrigatório