Governo tunisino confrontado com tumultos contra as violências policiais
O Governo tunisino surgiu hoje na defensiva e o seu líder, Hichem Mechichi, poderá depor numa comissão parlamentar até ao fim de semana face ao prosseguimento dos tumultos originados como reação a alegadas violências policiais.
© Getty Images
Mundo Tunísia
Pelo oitavo dia consecutivo ocorreram protestos na noite de terça-feira nos arredores da capital Tunes.
No bairro popular de Ettadhamen, jovens manifestantes incendiaram pneus e lançaram pedras sobre as forças de segurança, que ripostaram com granadas de gás lacrimogéneo, informou a agência noticiosa AFP.
Os protestos surgiram na sequência da morte recente, em circunstâncias suspeitas, de um jovem após a sua detenção, e da difusão de um vídeo que mostra outro jovem humilhado por supostos polícias à civil.
Dez anos após a revolução de 2011 que depôs o regime policial de Zine el Abidine Ben Ali, estes novos incidentes suscitaram protestos generalizados.
Na quarta-feira, o sindicato dos jornalistas tunisinos (SNJT) indicou à AFP que pretende constituir-se parte civil -- com dezenas de outras organizações de defesa dos direitos humanos -- nos inquéritos em curso.
Apelaram ainda a uma manifestação na sexta-feira em apoio às vítimas das violências policiais.
O primeiro-ministro Mechichi ou um representante do Governo devem depor na quinta-feira ou sexta-feira perante a comissão de segurança e defesa do parlamento, indicou hoje o gabinete da Assembleia.
Os primeiros confrontos decorreram em 08 de junho em Sidi Hassine, um bairro vizinho de Ettadhamen, em reação à morte algumas horas antes de um jovem, Ahmed Ben Ammar, após a sua detenção por polícias.
Um vídeo que se tornou viral nas redes sociais incrementou os protestos, ao exibir um menor detido à margem do funeral do jovem. Este menor parece estar a ser despido por polícias à civil, antes de ser agredido e conduzido nu para uma viatura policial.
O Ministério do Interior anunciou a abertura de inquéritos sobre estes dois casos e suspendeu os polícias responsáveis pelos atos, após ter inicialmente assegurado que o menor, alcoolizado, se despiu a si próprio.
Na segunda-feira a ONU manifestou inquietação face à multiplicação das violências policiais na Tunísia, num sinal de "disfuncionamentos contínuos nos serviços de segurança interna e cuja resolução exige uma vontade infalível dos poderes executivo e judicial".
Apesar de as forças de segurança estarem impedidas de exercer um poder discricionário desde 2011, os seus abusos são muito raramente alvo de inquéritos.
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