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Liga Árabe pede que Etiópia se abstenha de unilateralidade sobre barragem

Os ministros dos Negócios Estrangeiros da Liga Árabe apelaram hoje à Etiópia para se "abster de tomar quaisquer medidas unilaterais" relativamente à megabarragem que está a desenvolver no rio Nilo Azul, que resultou numa disputa com Sudão e Egito.

Liga Árabe pede que Etiópia se abstenha de unilateralidade sobre barragem
Notícias ao Minuto

21:18 - 15/06/21 por Lusa

Mundo Nilo

Na primeira reunião dos chefes da diplomacia da Liga Árabe para abordar a barragem etíope -- uma reunião solicitada pelo Egito como parte dos seus esforços para obter o apoio de países e organizações --, os ministros dos Negócios Estrangeiros emitiram um comunicado em que expressaram preocupação sobre as ações de Adis Abeba, noticiou a agência Efe.

Os membros do organismo apoiaram Egito e Sudão, os países a jusante do Nilo Azul e que durante anos criticaram o enchimento da barragem sem um acordo prévio sobre o projeto que poderá ameaçar de forma grave os recursos hídricos dos dois Estados.

"Os ministros expressaram a sua preocupação com o anúncio da Etiópia de continuar a encher o reservatório da barragem durante a próxima época chuvosa, no verão de 2021, que é uma medida unilateral que viola as normas do direito internacional", lê-se no comunicado emitido no final da reunião.

A este respeito, os ministros apelaram à Etiópia para se "abster de tomar quaisquer medidas unilaterais que possam prejudicar os interesses hídricos do Egito e do Sudão" e que se abstenha de "encher o reservatório da barragem" sem que seja alcançado um acordo sobre o procedimento de enchimento e funcionamento da infraestrutura.

Por sua vez, o secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Abulgueit, declarou numa conferência de imprensa que os ministros exigiram ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) que realize uma sessão extraordinária para abordar esta situação.

O ministro dos Negócios Estrangeiros egípcio, Sameh Shukri, afirmou durante a conferência de imprensa que "a Etiópia só quer impor a sua visão pela força, ignorando todas as regras e acordos que regem os rios internacionais".

Após o fracasso das últimas rondas negociais, realizadas entre 04 e 06 de abril sob os auspícios da presidência rotativa da União Africana, a Etiópia disse que iria avançar com o processo de enchimento da Grande Barragem do Renascimento Etíope (GERD, em inglês) e que fez uma oferta ao Egito e ao Sudão para facilitar a troca de informações sobre o processo, que ambos os países rejeitaram.

Cairo e Cartum, por sua vez, alertaram Adis Abeba sobre a tomada de qualquer "ação unilateral", afirmando que, nessa eventualidade, "todas as opções estarão abertas".

Os dois Estados consideram que o processo de enchimento da barragem pode afetar gravemente os níveis de água do Nilo nos seus respetivos troços.

A Etiópia, por sua vez, considera que o projeto é estratégico para o seu desenvolvimento, tanto em termos de irrigação, como em termos de produção de eletricidade.

A GERD, avaliada em mais de 4 mil milhões de dólares (mais de 3,5 mil milhões de euros), deverá recolher 13,5 mil milhões de metros cúbicos de água do rio Nilo Azul durante a época chuvosa, aumentando a reserva para 18,4 mil milhões de metros cúbicos, segundo este departamento governamental.

O Nilo Azul, rio que conflui com Nilo Branco e com o rio Atbara, é um dos principais contribuintes do rio Nilo, sendo responsável, durante a estação chuvosa, por até cerca de 80% da água deste último.

Atualmente, a GERD está 80% concluída, esperando-se que atinja a plena capacidade de produção em 2023, o que a tornará na maior central hidroelétrica africana e a sétima maior do mundo, segundo noticiam órgãos de comunicação social estatais.

Sudão e Egito temem que a construção do projeto, avaliado em e que vai permitir à Etiópia gerar 6.000 megawatts de eletricidade, coloque o caudal do rio Nilo sob o controlo da administração etíope.

Com cerca de 6.000 quilómetros, o rio Nilo é uma fonte vital para o abastecimento de água e eletricidade para cerca de 10 países da África Oriental.

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