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Borrell considera imagens de entrevista com Protasevich "horríveis"

O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, considerou hoje que as imagens da entrevista do jornalista bielorrusso, Roman Protasevich, são "horríveis" e testemunham "violações flagrantes" dos direitos humanos pelo regime do Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko.

Borrell considera imagens de entrevista com Protasevich "horríveis"
Notícias ao Minuto

16:00 - 08/06/21 por Lusa

Mundo Bielorrússia

"A detenção de um jornalista bielorrusso jovem, bem como da sua parceira, é um ato abominável. A sua confissão forçada é outro exemplo das violações flagrantes dos direitos humanos básicos que o regime de Lukashenko comete", afirmou o alto representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança.

Josep Borrell falava durante um debate sobre a Bielorrússia na sessão plenária do Parlamento Europeu (PE), que se encontra reunido esta semana em Estrasburgo.

Durante a sua intervenção inicial, Borrell afirmou que foi "verdadeiramente horrível" ver a "imagem" de Protasevich a "chorar e a reconhecer, na televisão estatal, como se os tivesse cometido, não sei quantos crimes contra a Bielorrússia".

Josep Borrell aludia à entrevista, difundida na passada quinta-feira na televisão estatal ONT, na qual o jornalista e opositor se confessou culpado das acusações apresentadas contra ele pelo regime de Minsk e afirmou querer "corrigir os erros".

"Acreditem, foi uma imagem vergonhosa. E temos de responder de maneira decisiva contra esta imagem, contra estes factos", instou Josep Borrell.

Nesse âmbito, o alto representante deu conta de que, poucos dias após o desvio do voo da Ryanair - que viajava entre Atenas e Vílnius, mas que foi desviado para Minsk, onde as autoridades bielorrussas detiveram Protasevich e a sua companheira, Sofia Sapega, que se encontravam ambos no voo -- o Conselho Europeu reuniu-se para debater o assunto e "tomar decisões".

Relembrando assim que, na ocasião, os líderes europeus decidiram impor sanções à Bielorrússia e baniram a entrada no espaço aéreo europeu de companhias aéreas da Bielorrússia, assim como o seu acesso a aeroportos da UE, Borrell acrescentou ainda que essas medidas "já foram adotadas na semana passada".

O alto representante informou ainda que, tal como mandatados pelo Conselho Europeu, o Serviço Europeu de Ação Externa (SEAE) e a Comissão Europeia estão agora a "estudar sanções económicas específicas", que irão "visar setores críticos da economia bielorrussa", e que deverão estar prontas para ser adotadas no próximo Conselho de Negócios Estrangeiros, que decorre a 14 de junho.

"Espero que o trabalho técnico tenha terminado até lá. (...) A decisão final irá depender dos Estados-membros e espero que estejam unidos no tema", apontou o chefe da diplomacia.

Abordando ainda a situação dos direitos humanos na Bielorrússia, Borrell relembrou que, segundo os cálculos do SEAE, há atualmente "450 presos políticos no país", entre os quais "jornalistas que foram detidos simplesmente por estarem a fazer o seu trabalho", mas também "estudantes, representantes da sociedade civil, e cidadãos ordinários que se manifestavam".

Borrell reconheceu assim que a "repressão na Bielorrússia se intensificou sem dúvida" nos últimos tempos, atingindo um ponto em que "qualquer expressão de dissidência é reprimida de maneira brutal imediatamente".

"Estamos a fazer tudo o que é necessário, desde o início, para lutarmos contra esta ditadura e para apoiarmos as pessoas que estão a sofrer com a mesma", apontou o responsável.

No que se refere à organização de uma cimeira internacional sobre a Bielorrússia -- uma ideia avançada pela líder da oposição bielorrussa, Svetlana Tikhanovskaya, e que teve hoje o apoio do Partido Popular Europeu (PPE) --, Borrell considerou que é uma ideia que deve ser "considerada".

"Temos de continuar a fazer pressão através da utilização de todas as nossas capacidades e ferramentas para apoiar a sociedade civil na Bielorrússia. Temos de considerar a ideia de organizar uma cimeira internacional sobre a Bielorrússia, (...) temos de utilizar as nossas sanções para nos focarmos no Lukashenko e nos seus acólitos, e tentarmos evitar cidadãos ordinários. Mas não se fazem omeletes sem partir ovos, e temos de tomar medidas que irão certamente afetar a economia bielorrussa", apontou Borrell.

A Bielorrússia atravessa uma crise política desde as eleições de 09 de agosto de 2020, que segundo os resultados oficiais reconduziram o Presidente Alexander Lukashenko, no poder há mais de duas décadas, para um sexto mandato, com 80% dos votos.

A oposição considerou o escrutínio fraudulento, tal como vários países ocidentais, e foi desencadeada uma vaga de contestação sem precedentes naquela antiga república soviética

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