Líder da oposição do Burkina Faso pede investimentos a Portugal e à UE
O líder da oposição do Burkina Faso, Eddie Komboïgo, está hoje em Portugal para pedir apoio à União Europeia na democratização interna e investimentos no país, afetado pela instabilidade e onde quase metade da população está abaixo da linha de pobreza.
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Mundo Burkina Faso
Komboïgo encontra-se atualmente a realizar uma visita por vários Estados europeus, devendo, após Lisboa, visitar Madrid, Paris e Bruxelas. Na segunda-feira, Komboïgo reuniu-se com o enviado especial de Portugal ao Sahel, o embaixador José Moreira da Cunha, devendo hoje encontrar-se com deputados da Comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas da Assembleia da República.
Em entrevista à Lusa em Lisboa, Komboïgo, presidente do Congresso para a Democracia e o Progresso (CDP, em francês), o segundo maior partido na Assembleia Nacional, considerou que a situação no Burkina Faso está "muito, muito má".
Komboïgo destacou a pobreza no país -- 40,1% da população de 20 milhões está abaixo da linha de pobreza, segundo o Banco Mundial -- e lamentou que a riqueza de recursos naturais não se traduza no desenvolvimento do país.
"Temos oportunidades, temos imensos recursos", apontou, referindo-se à presença de petróleo, gás, ouro ou manganês, mas lamentou que "não haja recursos" para realizar a extração destes.
Da mesma forma, Komboïgo destacou o caso do algodão, que embora seja extraído no Burkina Faso, a restante cadeia de produção ocorre fora do país.
"Não transformamos o algodão", vincou, antes de acrescentar: "Temos de aumentar a presença de indústrias produtoras no nosso país".
"Temos muitos recursos, mas não temos muito investimento para os extrairmos e para os usarmos em favor da população
Questionado sobre a possibilidade de um financiamento internacional, Komboïgo acredita que este não pode passar pelas soluções tradicionais.
"É preciso encontrar um novo método de financiamento, porque a proposta clássica é um falhanço", disse, lamentando as altas taxas de juro para empréstimos para África.
"Se querem que África se desenvolva, é preciso investir muito dinheiro lá. É preciso treinar como se investe, como se melhora, como se aumenta", apontou, acrescentando que "cada país tem de lutar por si, tem de mostrar o caminho para o seu desenvolvimento".
O líder da oposição rejeitou a ideia de neocolonialismo, desde que este investimento seja realizado de forma equilibrada.
"Se fores um investidor no meu país, eu exijo uma divisão de 50% para cada um. Eu ganho e tu ganhas, mas seria uma forma de colonização de se fosse 80% para um e 20% para outro", concluiu.
Komboïgo encontra-se atualmente a realizar uma visita por vários Estados europeus
O Burkina Faso é alvo do flagelo do 'jihadismo' desde abril de 2015, quando membros de um grupo filiado na Al-Qaida raptaram um segurança romeno -- que continua desaparecido -- numa mina de manganês em Tambao, no norte do país.
A região mais afetada pela insegurança é a do Sahel, que partilha a fronteira com Mali e Níger, embora a violência se tenha estendido às vizinhas do Centro-Norte e a do Este.
Os atos terroristas são regularmente atribuídos ao grupo local Ansarul Islam, à coligação 'jihadista' do Sahel Grupo de Apoio ao Islão e aos Muçulmanos e ao grupo Estado Islâmico no Grande Saara, que atacam também nos vizinhos Mali e Níger.
O país conta com mais de um milhão de deslocados, sendo uma das crises de deslocados de crescimento mais rápido no mundo.
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