China condena velas acesas nas representações dos EUA e da UE
A China condenou hoje que as velas acesas nas representações dos Estados Unidos e da UE em Hong Kong para assinalar os protestos em Tiananmen foram um "espetáculo político desajeitado" para desestabilizar o território.
© Reuters
Mundo Hong Kong
"Qualquer tentativa de explorar Hong Kong para realizar atividades de infiltração ou sabotagem contra o continente [China] atravessa a linha vermelha (...) é absolutamente intolerável", salientou um porta-voz do gabinete de Hong Kong do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.
"Instamos novamente os órgãos dos países envolvidos em Hong Kong a pararem imediatamente (...) de se intrometer nos assuntos de Hong Kong e nos assuntos internos da China em geral, e evitarem brincar com o fogo", advertiu.
As autoridades chinesas referiam-se a várias velas que foram acesas na sexta-feira à noite nas janelas do edifício do consulado dos Estados Unidos, vizinho da residência da chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, e na representação da UE.
Estas missões diplomáticas também publicaram fotografias das homenagens nas redes sociais.
Na sexta-feira, assinalaram-se 32 anos que o exército chinês avançou, em 04 de junho de 1989, com tanques para dispersar protestos pacíficos liderados por estudantes, causando um número indeterminado de mortos, no chamado "massacre de Tiananmen" e que Pequim não reconhece.
Durante três décadas em Hong Kong, enormes multidões fizeram vigílias em 04 de junho, em memória das vítimas.
Este ano, as autoridades de Hong Kong proibiram a concentração, dando como razão as medidas sanitárias contra a covid-19, e fecharam os acessos ao parque Vitória na sexta-feira, local onde decorria todos os anos a vigília. A cidade não regista um único caso de contaminação local em mais de um mês.
Mas alguns residentes de Hong Kong encontraram outras formas de assinalar o 32.º aniversário, acendendo pequenas luzes nas ruas ou nas janelas à noite.
No ano passado, a vigília também foi proibida pelas autoridades de Hong Kong devido à pandemia.
No entanto, dezenas de milhares de pessoas desafiaram a proibição e foram tomadas medidas legais contra 24 elementos do movimento pró-democracia no território.
Um deles, o ativista de Hong Kong Joshua Wong foi condenado, em 06 de maio, a dez meses de prisão por participar na vigília anual.
Para o tribunal, "a Lei Básica [que funciona como uma mini-Constituição de Hong Kong] garante a liberdade de reunião, mas também prevê que esta liberdade e estes direitos não são absolutos e estão sujeitos a restrições, independentemente do estatuto dos participantes".
Na decisão, o juiz afirmou não poder ignorar que, na altura da vigília, Hong Kong ainda estava a sofrer o impacto das manifestações antigovernamentais que tomaram as ruas da cidade semiautónoma chinesa em 2019.
A vigília anual em Hong Kong, cidade que em 1989 acolheu um grande número de manifestantes que fugiram à repressão na China continental, era a maior comemoração mundial em memória dos protestos de Tiananmen e realizava-se desde 1990.
Pela primeira vez em 30 anos, as autoridades alegaram o risco pandémico para proibir a vigília em Hong Kong, tal como em Macau, os únicos locais da China onde as autoridades têm permitido a realização de concentrações para recordar a morte de estudantes que se juntaram em Pequim para exigir reformas democráticas.
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