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Amnistia exige ao Iraque explicações sobre sunitas raptados em 2016

A Amnistia Internacional (AI) exigiu hoje ao governo iraquiano explicações sobre o que aconteceu a 643 homens e adolescentes sunitas raptados por milícias xiitas em 2016, durante a reconquista de Fallujah ao grupo jihadista Estado Islâmico.

Amnistia exige ao Iraque explicações sobre sunitas raptados em 2016
Notícias ao Minuto

11:59 - 03/06/21 por Lusa

Mundo Amnistia Internacional

Segundo a AI, citada pela agência de notícias francesa AFP, os 643 homens desapareceram durante uma operação da Hashd al-Shaabi, uma das coligações de vários grupos armados pró-Irão contra o Estado Islâmico, que controlava, em junho de 2016, as províncias sunitas iraquianas.

A 03 de junho de 2016, segundo testemunhas, durante a fuga de milhares de pessoas, milicianos com uniformes da Hashd al-Shaabi, "levaram cerca de 1.300 homens e adolescentes considerados em idade de combate".

"Nessa noite, pelo menos 643 homens e adolescentes foram colocados em autocarros e num grande camião e, desde então, estão desaparecidos", afirmou a AI, segundo a qual há relatos de "tortura e maus-tratos".

Dois dias depois, o então primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi, anunciou a formação de uma comissão de investigação para fazer face às exigências de "medidas de retaliação" contra os sunitas que pertenciam ao Estado Islâmico.

Contudo, acusa a Amnistia Internacional, "os resultados desta investigação nunca foram tornados públicos".

"Passaram cinco anos desde que as famílias destes homens não sabem sequer se eles ainda estão vivos. As famílias merecem que se acabe com o seu sofrimento", afirmou a AI.

Durante a guerra contra o Estado Islâmico, várias organizações não-governamentais e famílias denunciaram sistematicamente abusos por todas as partes, apontando ataques por vingança com objetivos sectários e étnicos.

Oficialmente, a coligação Hashd nega ter raptado ou prendido arbitrariamente pessoas, mas alguns dos seus líderes afirmaram, várias vezes, haver prisões com jihadistas amontoados, reconhecendo que nem sempre existem provas efetivas de que os prisioneiros pertenciam ao Estado Islâmico.

Os sunitas afirmam ser "regularmente discriminados" no Iraque depois da derrota do Estado Islâmico, e milhares deles foram detidos e condenados, à prisão ou à morte, sob a acusação de pertencerem ao grupo jihadista.

As atenções agora estão voltadas para os deslocados resultantes da guerra contra o Estado Islâmico no Iraque.

Nos últimos sete meses, segundo a Human Rights Watch (HRW), também citada pela AFP, o governo iraquiano fechou 16 campos de deslocados, deixando pelo menos 34.801 pessoas sem garantia de "regresso seguro, abrigo alternativo, ou acesso a serviços".

Muitos dos deslocados forçados a abandonar as cidades de tendas viram as suas casas serem destruídas e são considerados "terroristas" pela comunidade de onde são oriundos, acusações que a HRW salientam serem ""muitas vezes sem provas".

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