Benjamin Netanyahu, o "mágico" da política tem os dias contados?
Primeiro-ministro mais duradouro da história de Israel, adorado por uns e odiado por outros, Benjamin Netanyahu dominou a arte da sobrevivência política durante um reinado cujo fim nunca esteve tão próximo.
© Reuters
Mundo Israel
Com o anúncio de um acordo de coligação pelo bloco anti-Netanyahu, 'Bibi' - para os israelitas - está prestes a ceder a chefia do governo do Estado hebreu, necessitando o novo executivo de obter na próxima semana um voto de confiança do parlamento.
Político combativo, Benjamin Netanyahu tem desempenhado convictamente o papel de "defensor" de Israel face a ameaças como o Irão ou a covid-19 e é reconhecida por todos a sua capacidade de ziguezaguear para se manter no poder, que lhe valeu o apelido de "mágico" da política.
Netanyahu foi chefe do governo de Israel durante 15 anos, incluindo nos últimos 12, e é o único primeiro-ministro nascido após a criação do Estado hebreu em 1948, sendo profundamente marcado pelo legado da direita israelita.
Nascido em Telavive a 21 de outubro de 1949, carrega a bagagem ideológica do seu pai Benzion, antigo assistente pessoal de Zeev Jabotinsky, líder da tendência sionista dita "revisionista", favorável ao 'Grande Israel'.
Oposto ao processo de paz israelo-palestiniano de Oslo, que contribuiu para enterrar, Netanyahu defende uma visão de Israel como 'Estado judeu' estendendo-se até à Jordânia, daí as suas declarações a favor da anexação de partes da Cisjordânia ocupada e as suas medidas que favoreceram um 'boom' dos colonatos.
No final da década de 1960, após a guerra dos Seis Dias, o jovem Benjamin cumpre o serviço militar num grupo comando de elite.
Mas foi sobretudo o seu irmão mais velho, Yoni, que se destacou nas fileiras do exército. A sua morte em 1976, durante o assalto israelita a Entebbe para libertar os reféns de um voo Telavive-Paris, abala profundamente Benjamin Netanyahu, que fará da "luta contra o terrorismo" um dos fios condutores da sua carreira.
Orador nato, combativo, Netanyahu é diplomata de carreira. Foi colocado nos Estados Unidos, onde estudou, e foi depois embaixador na ONU nos anos 1980.
De regresso a Israel, foi eleito pelo Likud (direita), do qual se tornou a estrela em ascensão.
Em 1996, aos 47 anos, Netanyahu vence Shimon Peres e torna-se o mais jovem primeiro-ministro da história de Israel. Mas o reino é de curta duração: três anos.
Assume a liderança do Likud até voltar a chefiar o governo de Israel em 2009 e multiplica os projetos de construção nos colonatos na Cisjordânia ocupada, que violam a lei internacional e que viram a sua população crescer 50% na última década.
Em relação à liderança palestiniana as suas propostas são duras, mas tem defendido e trabalhado pela normalização das relações de Israel com os países árabes, como aconteceu no caso dos Emirados, Bahrein, Sudão e Marrocos.
Voz rouca de tenor, cabelo prateado e com frequência vestindo fato azul, camisa branca e gravata, Netanyahu tem conseguido eleição após eleição que uma parte significativa do eleitorado lhe demonstre a sua confiança.
Mesmo o seu julgamento por corrupção em três casos diferentes não impediu o Likud de ser o partido mais votado nas legislativas de março, as quartas em dois anos, obtendo 30 lugares.
Por outro lado, o processo serviu para unir rivais e ex-aliados que agora se tornaram seus adversários.
Aos adversários que o acusam de ser um autocrata que não recua perante expedientes e mentiras e o culpam pela sede de poder, o nepotismo, um discurso perigosamente populista que mina as bases democráticas de Israel, Netanyahu responde que "só os fortes sobrevivem" e diz que "gostaria de ser lembrado como o protetor de Israel".
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