Ex-donos de siderúrgica condenados em Itália a 20 e 22 anos de prisão
Dois ex-proprietários da siderúrgica italiana Ilva, a maior e mais poluente da Europa, foram hoje condenados a mais de 20 anos de prisão por emissões tóxicas que resultaram em centenas de mortes, anunciou fonte judicial.
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Mundo Poluição
Segundo o Ministério público italiano, pelo menos 400 mortes prematuras foram registadas perto da siderúrgica de Ilva, em Taranto (Puglia, sul de Itália), causadas por doenças cardiorrespiratórias e cancros que são atribuíveis a emissões tóxicas de altos-fornos.
O Tribunal de Justiça de Taranto condenou Nicola Riva e o seu irmão Fabio em primeira instância a 20 e 22 anos de prisão, respetivamente, por conspiração para cometer desastre ambiental, intoxicação alimentar e omissão deliberada de medidas cautelares no local de trabalho.
O ex-presidente da região de Puglia, Nichi Vendola, foi condenado a três anos e meio de prisão.
As sentenças devem ser objeto de um recurso de suspensão da execução enquanto se aguarda o veredicto final, o que pode levar muitos anos em Itália.
A família Riva reconheceu ter economizado mais de 1.300 milhões de euros entre 2009 e 2013, atrasando as obras para colocar as siderúrgicas em conformidade com os padrões ambientais.
"É um dia importante quando finalmente vemos as pessoas a pagar pelo que fizeram, pelo que foi feito a uma cidade inteira", disse a mãe de um homem que morreu em Taranto ao jornal La Repubblica.
Inicialmente propriedade do Estado, a Ilva foi privatizada em 1995 e vendida ao grupo da família Riva, responsável pelo relançamento da empresa após a grande crise do aço dos anos 1980.
E foi nessa altura que surgiram as primeiras suspeitas de causalidade entre o impacto ambiental da siderúrgica e o número anormalmente elevado de casos de cancro, muitas vezes afetando crianças, entre os moradores dos bairros vizinhos.
Em 2012, uma vasta investigação a um suposto desastre ambiental levou a Justiça a ordenar a modernização de todas as chamadas "instalações quentes", como os fornos de alta temperatura.
No final de 2016, a família Riva assinou um pré-acordo com os administradores e com a justiça italiana para devolver 1.300 milhões de euros para limpar e permitir a gestão do local.
No final de 2018, a ArcelorMittal anunciou a aquisição do grupo Ilva com 10.700 funcionários, incluindo 8.200 em Taranto, antes de discutir uma possível retirada em 2019.
Após um acordo alcançado no final de 2020, o Estado italiano correu em auxílio da siderúrgica ao adquirir, em abril, uma participação de 38% no capital da subsidiária da ArcelorMittal, a AM InvestCo.
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