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Erdogan sai em defesa de ministro acusado de ligações ao crime organizado

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, saiu hoje em defesa do seu ministro do Interior, acusado por um líder de um grupo mafioso turco de ter ligações ao crime organizado, considerando as acusações um "complô".

Erdogan sai em defesa de ministro acusado de ligações ao crime organizado
Notícias ao Minuto

15:32 - 26/05/21 por Lusa

Mundo Turquia

Num discurso no Parlamento em Ancara, transmitido pela cadeia de televisão CNN Turk, Erdogan prometeu julgar o líder da máfia, Sedat Peker, que se crê residir atualmente no Dubai, bem como quaisquer outras redes criminosas no país.

Numa série de vídeos divulgados nas últimas semanas nas redes sociais, Peker fez fortes acusações contra várias figuras do partido AKP, no poder, fundado e liderado pelo Presidente turco, que incluem supostos atos de corrupção, tráfico de drogas e encobrimento de assassínios.

Peker afirmou que existem "laços estreitos" entre altos funcionários e grupos e associações ligados ao crime organizado, mas não apresentou, para já, provas documentais.

"Sabemos que por trás dos ataques ao nosso ministro do Interior está quem parece descontente com a paz e segurança no nosso país. Estamos e estaremos com o ministro na luta contra o crime organizado, tal como o fazemos contra o terrorismo", afirmou Erdogan.

As palavras de Erdogan são as primeiras sobre os vídeos acusatórios de Peker, que há semanas centram o debate político na Turquia e que já levou a especulações relacionadas com divisões no interior do AKP, de cariz islâmico.

Segundo a agência noticiosa espanhola EFE, Peker, que foi condenado à revelia a 14 anos de prisão, assegura nos vídeos, seguidos por dezenas de milhões de pessoas nas redes sociais, que o ministro Suleyman Soylu protege uma rede de narcotráfico de cocaína colombiana, liderada por Erkan Yildirim, filho do ex-primeiro-ministro Binali Yildirim.

A oposição turca já exigiu a demissão de Soylu, bem como a instauração de uma investigação às acusações de Peker.

Erdogan sustentou que o "verdadeiro alvo" é justamente Binali Yirdirim, através do filho, e acusou a oposição de estar a fazer um "aproveitamento político" do caso.

"Perseguiremos os membros de grupos criminosos onde quer que eles estejam. Vamos trazê-los para a Turquia para os julgar, tal como fizemos com os 'gulenistas'", afirmou Erdogan, aludindo à suposta prática turca de sequestrar exilados cuja extradição legal não é fácil obter.

A alusão ao "gulenismo" tem a ver com Fethullah Gülen, um teólogo turco residente nos Estados Unidos e que Erdogan acusa de ter estado por trás da suposta tentativa de golpe de Estado na Turquia de 2017, que levou milhares de oposicionistas à prisão.

"Nenhuma acusação ficará de pé. A justiça vai investigar e vai desmontar todas as mentiras e calúnias", acrescentou o Presidente turco, sublinhando que, em 19 anos de poder, acabou com os "padrinhos que antes se pavoneavam na Turquia" e que o seu executivo luta com firmeza" contra o tráfico de drogas.

As revelações de Peker levantaram preocupações sobre a possível continuidade dos laços entre funcionários do Estado e organizações criminosas no país.

Para muitos, as acusações relevam uma lembrança sombria da década de 1990, quando a Turquia foi abalada por um escândalo desencadeado por um acidente de viação no oeste do país.

O acidente provocou a morte de um chefe de polícia, bem como a de um alegado "assassino" da máfia procurado no país, e feriu também um deputado, com o caso a levantar especulações sobre eventuais ligações duvidosas entre membros do Governo e o submundo do crime.

Acredita-se que Peker tenha fugido da Turquia no ano passado, depois de saber de uma operação policial contra o seu grupo.

No entanto, estão ainda por clarificar as razões pelas quais Peker, que apoiou Erdogan com a organização de manifestações políticas e fazendo ameaças contra opositores, se virou contra o Governo. 

Peker afirma que foi forçado a falar depois de a sua mulher e duas filhas terem sido maltratadas durante uma rusga policial à sua residência.

Leia Também: Turquia acusa a Grécia de "sabotar" avanços sobre o leste do Mediterrâneo

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