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Capacetes azuis etíopes refugiados no Sudão não querem regressar a Tigray

Antigos "capacetes azuis" etíopes originários da região de Tigray, no norte da Etiópia, procuraram asilo no vizinho Sudão, temendo pelas suas vidas se regressarem à sua região, palco de um conflito desde novembro passado.

Capacetes azuis etíopes refugiados no Sudão não querem regressar a Tigray
Notícias ao Minuto

15:28 - 25/05/21 por Lusa

Mundo Etiópia

Estes antigos membros das forças das Nações Unidas deveriam inicialmente ter sido repatriados do Sudão para a Etiópia com o fim da missão conjunta entre ONU e União Africana no Darfur (Unamid), que terminou em 31 de dezembro.

Mas no início de maio, as Nações Unidas anunciaram que 120 ex-militares da Unamid se tinham candidatado à "proteção internacional".

Citado pela agência France-Presse (AFP), o líder do grupo de ex-soldados que estão refugiados no campo de Umm Gargour, no estado de Gedaref, no leste do Sudão, Halka Hakous, referiu que estes recusam-se a regressar à Etiópia "por causa da perseguição e limpeza étnica que está a ter lugar" em Tigray, culpando o Governo federal.

O primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, Prémio Nobel da Paz em 2019, lançou uma intervenção militar em 04 de novembro para derrubar a Frente de Libertação do Povo Tigray (TPLF), o partido eleito e no poder no estado, e declarou a vitória em 28 de novembro, ainda que os combates continuem.

O Exército federal etíope foi apoiado por forças da Eritreia. Depois de vários dias, Abiy Ahmed declarou vitória em 28 de novembro, com a captura da capital regional, Mekele, frente à TPLF que, até à chegada de Abiy Ahmed, controlou a Etiópia durante quase 30 anos.

No entanto, os combates continuaram e as forças eritreias são acusadas de conduzirem vários massacres e crimes sexuais.

O conflito obrigou cerca de 60.000 pessoas a fugir para o Sudão, um país que está em crise económica e em transição política desde a queda do autocrata Omar al-Bashir, há cerca de dois anos.

Citado pela AFP, o oficial Arkaoui Mahari, 40 anos, disse que "todas as famílias foram deslocadas, fugiram", acrescentando que não sabe onde estão os seus pais.

"Somos do povo de Tigray, por isso é que nos perseguem e nos dizem que somos agentes da TPLF (...), se eu voltar à Etiópia, eles matam-me ou torturam-me", afirmou Farouini, um soldado de 29 anos.

O conflito provocou já a morte de milhares de civis e centenas de milhares de deslocados, com mais de 800 mulheres a relatarem ter sido violadas.

Em 17 de maio, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus afirmou que a situação em Tigray, de onde é natural, estava "horrível".

"Entre 4,5 e quase cinco milhões de pessoas precisam de ajuda humanitária. Muitas pessoas começaram a morrer de fome e subnutrição grave e aguda está cada vez mais disseminada", disse então o responsável da agência das Nações Unidas, que acrescentou que "centenas de milhares de pessoas foram deslocadas ou despejadas de suas casas".

Leia Também: Etiópia: Governo nega uso de armas químicas contra civis em Tigray

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