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Fação dissidente do Sendero Luminoso matou 14 pessoas no Peru
O massacre numa região montanhosa e remota do Peru foi uma das piores atrocidades em décadas. Aconteceu a duas semanas das eleições presidenciais marcadas por uma grande polarização.
© AFP via Getty Images
Mundo Peru
O Peru está a ser abalado por um massacre na remota cidade de San Miguel del Ene, no qual foram assassinadas 14 pessoas, incluindo duas crianças, informou o Ministério da Defesa peruano através de um comunicado divulgado esta segunda-feira.
Esta foi uma das piores atrocidades cometidas no Peru em décadas. As autoridades atribuem a autoria deste massacre a uma fação dissidente do Sendero Luminoso, um grupo revolucionário de inspiração maoísta que foi travado de forma brutal pelo líder autoritário do Peru, Alberto Fujimori, nos anos 90.
Os meios de comunicação locais relatam que panfletos atribuídos ao Sendero Luminoso foram encontrados juntamente com os corpos das vítimas do massacre.
“Estamos a voltar a algo que pensávamos ter ultrapassado. A maioria das pessoas no Peru pensavam que o Sendero Luminoso já não existia. Esta tragédia mostra que não é esse o caso”, disse Pedro Yaranga, um consultor de segurança, em declarações ao The New York Times.
A região montanhosa em redor de San Miguel del Ene é pouco povoada, e é conhecida pela produção e tráfico de cocaína. Acredita-se que seja a derradeira área significativa de operações do que resta do Sendero Luminoso.
Este massacre pode desempenhar um papel importante nas eleições presidenciais no Peru, que vão decorrer em duas semanas. As eleições estão a ser marcadas por uma grande polarização. Vão ser disputadas por Pedro Castillo, que faz parte de um sindicato de professores da esquerda, e a conservadora Keiko Fujimori, a filha de Alberto Fujimori.
Como faz notar o The New York Times, o ato eleitoral está a ser encarado como uma repetição da batalha ideológica dos anos 90, quando as duras políticas de Fujimori trouxeram paz ao Peru, custando ao país a supressão da democracia e dos direitos civis.
Os detratores de Pedro Castillo acusam-no de ser um simpatizante do Sendero Luminoso. Acusações que já foram refutadas pelo candidato presidencial.
Os media no Peru revelam que os panfletos encontrados em San Miguel del Ene pediam aos habitantes para boicotarem as eleições e destacavam que quem votasse em Keiko Fujimori seria considerado um traidor.
As sondagens mais recentes mostram que Castillo continua a liderar as intenções de voto dos peruanos, embora a sua vantagem tenha diminuído nas últimas semanas.
Leia Também: Mais de uma tonelada de cocaína apreendida em operação na selva peruana
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