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Argélia. Manifestação do 'Hirak' de novo impedida em Argel

O desfile semanal do movimento anti-regime do 'Hirak' foi de novo proibido hoje em Argel por um impressionante dispositivo policial enviado para a capital, informou a agência noticiosa AFP.

Argélia. Manifestação do 'Hirak' de novo impedida em Argel
Notícias ao Minuto

17:25 - 21/05/21 por Lusa

Mundo Argélia

Polícias fardados ou à civil patrulhavam desde esta manhã os locais nevrálgicos da capital, bloqueando as grandes avenidas e cercando as mesquitas de onde habitualmente partem os cortejos dos manifestantes.

Polícias à civil procederam a controlos de identidade dos transeuntes.

"Ruas e ruelas ocupadas com veículos da polícia, polícias fardados ou à civil com braçadeiras nos arredores de Bab El Oued", um bairro popular e bastão do 'Hirak', relatou Lyes, que não revelou o nome de família.

"Nesta 118.ª sexta-feira, 'Argel a branca' [designação atribuída à capital] tornou-se azul polícia", ironizou em declarações à AFP. O número 118 assinala as semanas que já decorreram desde o início do 'Hirak' em 22 de fevereiro de 2019.

À saída da mesquita Errahma, centro da cidade, os fiéis foram incitados a regressar em ordem às suas casas.

No final de oração de hoje, o dia sagrado do Islão, uma centena de pessoas manifestaram-se brevemente aproveitando a ausência da polícia, que não tardou em dispersá-los.

Os jornalistas e fotógrafos independentes estão privados de acreditações e não podem acompanhar sem precauções as marchas do 'Hirak'.

O bloqueio de Argel ocorreu um dia após o início da campanha para as legislativas de 12 de junho.

Apesar de dois significativos falhanços -- as presidenciais de 2019 e o referendo constitucional de 2020, assinalados por uma abstenção recorde --, o regime, apoiado pela hierarquia militar, está determinado em impor o seu "roteiro" eleitoral apesar da rejeição pelo 'Hirak' e pela oposição laica e de esquerda.

O Ministério do Interior decidiu obrigar os organizadores das marchas do 'Hirak', um movimento pacífico e sem uma liderança efetiva, a "declarar" previamente as manifestações junto das autoridades, o que significa na prática a sua proibição.

O Comité Nacional para a Libertação dos Detidos (CNLD), assinalou hoje diversas detenções em Argel e outras cidades do país.

A maioria das pessoas detidas são geralmente libertadas no final do dia, e aguardando que sejam depois convocadas pela justiça.

Pelo menos 127 pessoas estão atualmente detidas por factos relacionados com o 'Hirak' ou a defesa das liberdades individuais.

Este movimento de contestação de massas, inédito e sem uma direção política visível, surgiu em fevereiro de 2019 através de mobilizações de rua nas terças e sextas-feiras, para contestar o quinto mandato do ex-Presidente Abdelaziz Bouteflika, que resignou ao cargo dois meses depois.

O movimento, que registou uma pausa de cerca de um ano devido à pandemia, exige ainda uma alteração radical do sistema instalado no país na sequência da independência em 1962, com largo predomínio da hierarquia militar, acusada de ter renunciado aos valores originais da revolução argelina e sinónimo de autoritarismo e corrupção.

Leia Também: Argélia: Prisão efetiva para 31 manifestantes detidos na sexta-feira

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