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Decisão sobre Chang deixa PR da África do Sul em situação difícil

A consultora NKC African Economics considerou hoje que o Presidente da África do Sul está numa situação difícil devido ao pedido de extradição do antigo ministro das Finanças de Moçambique Manuel Chang, feito pelas autoridades moçambicanas.

Decisão sobre Chang deixa PR da África do Sul em situação difícil
Notícias ao Minuto

15:41 - 18/05/21 por Lusa

Mundo Moçambique

"Se a África do Sul extraditar Manuel Chang para o seu país natal e se ele não for responsabilizado, Ramaphosa abre o flanco à acusação de cumplicidade numa altura em que está a tentar libertar o seu Governo da reputação de corrupção", escrevem os analistas da filial africana da Oxford Economics.

No comentário ao pedido de extradição apresentado na semana passada, e a que a Lusa teve acesso, a consultora vinca que "é pouco provável que o antigo ministro das Finanças moçambicano enfrente a justiça no âmbito do seu alegado envolvimento no esquema [das 'dívidas ocultas'] em Moçambique" e lembra que já passaram cinco anos sobre a alegada prática de corrupção.

"O atraso na decisão final sobre a sua extradição também não é surpreendente, já que os chefes de Estado regionais têm muitas vezes dado prioridade à relação entre as partes governantes, e não à responsabilização daqueles que são acusados de ofensas", acrescentam os analistas, defendendo que Cyril Ramaphosa deve "ter cuidado".

O Governo moçambicano pediu à Justiça sul-africana para "obrigar" Pretória a extraditar "sem mais demora" o antigo ministro das Finanças Manuel Chang, detido há mais de dois anos na África do Sul por fraude e corrupção no seu país.

De acordo com o pedido submetido na sexta-feira, no Tribunal Superior de Gauteng, em Joanesburgo, o Governo moçambicano queixa-se que "um período excessivamente longo prescreveu", salientando que o ministro da Justiça sul-africano, Ronald Lamola, "falhou e/ou está a negligenciar o exercício da sua decisão conforme ordem do tribunal".

"As razões para a demora de tomar a decisão são conhecidas do ministro", referem os advogados sul-africanos do Governo de Moçambique, acrescentando que "o tempo sem que decisão tenha sido exercida tornou-se grosseiramente irracional".

As autoridades de Maputo sublinham que a detenção do seu antigo ministro das Finanças desde 2018 na África do Sul, "viola" o direito de Manuel Chang à justiça, mantendo-o na prisão a aguardar extradição para Moçambique ou para os Estados Unidos da América (EUA) para enfrentar acusações de corrupção e fraude financeira pelo seu papel nas chamadas 'dívidas ocultas' no valor de 2,2 mil milhões de dólares (1,8 milhões de euros, ao câmbio atual), em Moçambique.

"O ministro da Justiça e Serviços Correcionais, ao não fazer o seu pronunciamento, está a violar os direitos constitucionais do sr. Chang, e o seu comportamento é irracional e contra a ação administrativa justa, conforme consagrado no artigo 33.º da Constituição da África do Sul de 1996", refere o pedido de Maputo ao tribunal sul-africano, consultado pela Lusa.

Manuel Chang foi detido pela Polícia Sul-Africana (SAPS, na sigla em inglês) a pedido do EUA no aeroporto internacional de Joanesburgo em 29 de dezembro de 2018, a caminho do Dubai, acusado de lavagem de dinheiro e fraude financeira, e encontra-se detido na prisão de Modderbee, em Benoni, leste de Joanesburgo.

O antigo ministro das Finanças moçambicano é considerado "peça-chave" nas 'dívidas ocultas' do Estado moçambicano contraídas entre 2013 e 2014, à revelia do parlamento, ao assinar as garantias de Estado em nome do Governo do ex-presidente Armando Guebuza.

Os empréstimos ocultos do Estado moçambicano junto do Credit Suisse e do banco russo VTB, foram justificados com projetos marítimos das empresas públicas Ematum, ProIndicus e MAM, fornecidos pelo grupo Privinvest, mas que nunca se concretizaram.

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