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Ruanda e França têm oportunidade de construir "boa relação"

O Presidente ruandês disse hoje que Ruanda e França têm agora a oportunidade de construir "uma boa relação", depois da publicação de um relatório por historiadores franceses que concluiu que Paris teve "responsabilidades esmagadoras" no genocídio em 1994.

Ruanda e França têm oportunidade de construir "boa relação"
Notícias ao Minuto

20:14 - 17/05/21 por Lusa

Mundo Kagame

As conclusões do relatório Duclert, corroboradas semanas depois por um relatório encomendado por Kigali junto de advogados norte-americanos, são "um grande passo em frente", de acordo com o chefe de Estado ruandês, Paul Kagame, que diz que "França e Ruanda têm agora a oportunidade e uma boa base sobre a qual podem criar uma boa relação".

Numa entrevista ao canal televisivo France 24 e à estação Rádio France France Internationale (RFI), citada pela agência France-Presse, o chefe de Estado ruandês disse que pode "acomodar-se" com as conclusões do relatório, que excluiu a "cumplicidade" por parte de Paris.

O Presidente ruandês, que liderou a rebelião tutsi de 1994 que pôs fim ao genocídio, acusava há muito Paris de ser "cúmplice" deste genocídio no país da África Oriental.

Kagame está em Paris para participar numa cimeira sobre a dívida africana e falou com o homólogo francês, Emmanuel Macron, à margem de uma reunião sobre o apoio à transição no Sudão.

Os dois líderes "saudaram os mais recentes desenvolvimentos favoráveis e confirmaram o objetivo de ir ainda mais longe na normalização e aprofundamento das relações entre França e Ruanda", segundo a presidência francesa.

Questionado sobre um hipotético "pedido de desculpas" por parte de França, à semelhança da Bélgica, que o fez alguns anos depois do genocídio, Kagame disse que a decisão cabe a Paris, sublinhando que "apreciaria" o gesto.

Sobre a presença de suspeitos perpetradores do genocídio em solo francês, Kagame saudou a detenção, em maio de 2020, de Félicien Kabuga, acusado de ser um dos financiadores do ato, mas referiu que "mais poderia ser feito" para levar outros suspeitos à justiça, enaltecendo o caso de Agathe Habyarimana, viúva do antigo Presidente ruandês Juvenal Habyarimana.

Paris tem recusado recorrentemente a extradição de Agathe Habyarimana, suspeita de estar envolvida no genocídio -- algo que esta contesta -- e que é alvo de uma investigação em Paris desde 2008.

A cumplicidade de França no genocídio de tutsis no Ruanda em 1994 tem sido um tema quente nas relações entre os dois países e esteve ligado à rutura da diplomacia entre Paris e Kigali desde 2006 até 2009.

O relatório Duclert concluiu que as "responsabilidades pesadas e esmagadoras" e a "cegueira" do então Presidente francês, François Mitterrand, e da sua comitiva perante a deriva racista e genocida do Governo ruandês hutu que Paris então apoiava.

O genocídio no Ruanda foi responsável pela morte de mais de 800.000 pessoas, principalmente da minoria tutsi, entre abril e julho de 1994.

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