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Presidente da Argentina e FMI lançam negociação para um acordo financeiro

O Presidente argentino, Alberto Fernández, e a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional, Kristalina Georgieva, classificaram hoje como "construtiva" e "produtiva" a sua primeira reunião presencial, em Roma, com a qual iniciaram a renegociação da dívida da Argentina.

Presidente da Argentina e FMI lançam negociação para um acordo financeiro
Notícias ao Minuto

13:57 - 14/05/21 por Lusa

Mundo Fundo

"Foi uma reunião muito construtiva. Foi muito gratificante reunir-me pela primeira vez em pessoa com Alberto Fernández. As nossas equipas continuarão a trabalhar para chegarem a um programa económico", disse Kristalina Georgieva ao sair da reunião no hotel onde a delegação argentina ficou hospedada em Roma. 

"Foi um encontro muito produtivo. Tivemos um diálogo franco no qual expressamos as nossas vontades de resolver o problema da dívida. Estou otimista", acrescentou Alberto Fernández. 

A reunião durou uma hora e quarenta minutos. Paralelamente, o ministro da Economia da Argentina, Martín Guzmán, e a diretora adjunta do Departamento do Hemisfério Ocidental do FMI, Julie Kosack, mantiveram outra reunião de trabalho. Depois de uma hora, os dois juntaram-se à reunião principal entre Georgieva e Fernández. 

A responsável pelo FMI está em Roma, onde participa hoje do seminário internacional "Sonhando com um novo começo" que acontece na Pontifícia Academia de Ciências do Vaticano. 

Do evento, participam como palestrantes a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, e o prémio Nobel de Economia, Joseph Stiglitz. 

Alberto Fernández aproveitou a presença em Roma de Kristalina Georgieva para avançar com a proposta argentina, que consiste em não pagar as parcelas da dívida com o FMI em 2021, num total de 3.800 milhões de dólares, que vencem em setembro e dezembro.  

Esse eventual acordo provisório permitiria também adiar o pagamento de 2.400 milhões de dólares que vencem no dia 31 de maio com o Clube de Paris, que condiciona um adiamento a um acordo prévio entre a Argentina e o FMI. 

Segundo analistas ouvidos pela Lusa, o Governo argentino não quer fechar nenhum acordo financeiro antes das eleições legislativas de novembro porque um ajuste fiscal em ano de eleições significa uma derrota nas urnas. 

"A Argentina pretende fechar um acordo só depois das eleições. E pretende alterar regras com mais tempo para financiar. Seriam ambições quase impossíveis se não fosse o contexto de uma pandemia", indica à Lusa o cientista político argentino, Sergio Berensztein. 

"O mais provável é que se chegue a algum acordo 'light' com o FMI que permita refinanciar os vencimentos deste ano para evitar um novo 'default' da dívida e negociar um acordo completo depois das eleições", avalia, em entrevista à Lusa, a economista Marina Dal Poggetto, diretora da consultora argentina Eco Go. 

Até agora, mesmo depois de 17 meses de mandato, o Governo argentino ainda não apresentou um plano económico consistente e sustentável. 

"Os técnicos do FMI querem ver um programa económico para saber como a Argentina vai poder pagar a dívida. Querem um plano para ordenar uma economia repleta de desequilíbrios. O Governo precisa confirmar a vontade de honrar a dívida, algo que o histórico argentino de 'default' não ajuda", aponta Berensztein. 

A Argentina não tem acesso ao crédito internacional, não tem suficiente liquidez nas reservas do Banco Central e sofreu uma contração de 10% do PIB em 2020.

A inflação acumulada nos primeiros quatro meses do ano chega a 17,6% e projeta-se a 50% no ano. A pobreza está em 42% com tendência de forte aumento. 

Esta foi a primeira reunião presencial entre Alberto Fernández e Kristalina Georgieva, que já se reuniram virtualmente em janeiro passado.

A reunião foi a última atividade do Presidente argentino na viagem à Europa que começou no domingo por Portugal, avançou por Espanha e França e culmina hoje na Itália.  

Alberto Fernández colheu apoios políticos às negociações com o FMI por parte do primeiro-ministro de Portugal, António Costa, de Espanha, Pedro Sánchez, da Itália, Mario Draghi, do Presidente francês, Emmanuel Macron, e do conterrâneo Papa Francisco, quem facilitou a presença argentina no seminário que acontece no Vaticano. 

Em meados de 2018, a Argentina fechou o maior acordo financeiro da história do FMI por 55 mil milhões de dólares, dos quais foram desembolsados 44 mil milhões. 

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