França quer eliminar ponto mediano, usado para linguagem mais inclusiva
Muitos acham que em vez de inclusivo, o ponto trouxe mais dificuldades para alunos especiais.
© Reuters
Mundo Educação
O ponto mediano é um carácter usado em França quando se pretende distinguir uma palavra no género feminino e masculino. Um sinal que o ministério francês da Educação pretende abolir, considerando que apenas causa mais dificuldades de aprendizagem.
O sinal foi adotado com o objetivo de tornar a linguagem mais inclusiva e igualitária. Uma decisão que não gera, porém, consenso.
O sinal em causa é um ponto a meio da linha, que em França é utilizado até nos textos oficiais das administrações locais e no setor privado, para acrescentar um sufixo feminino a um substantivo masculino. Uma única palavra designa assim ambos os sexos. Por exemplo, em vez de escrever, "parisiens et parisiennes" (parisino e parisina), a cidade de Paris escreve "parisen-ne-s" (algo como "parisino-a-s" (no português usa-se a formulação portugueses/as).
Uma circular do Ministério da Educação datada de 5 de maio veio reacender a discussão com o ministro Jean-Michel Blanquer a defender que "a utilização da chamada escrita 'inclusiva' deve ser proscrita".
Nessa circular refere-se ao fim do ponto mediano, bem como ao facto de se dever assumir a concordância de proximidade, ou seja, em vez de se escrever "três dias inteiros e três noites inteiras" pode escrever-se apenas "três dias e noites inteiras", assumindo que o adjetivo deve ser escrito no género da palavra que lhe é mais próxima (neste caso noites).
O documento não é uma alteração total da escrita inclusiva, alega, uma vez que recomenda outras modalidades, tais como "a utilização da feminização das profissões e funções".
Um dos argumentos do ministro contra o ponto é que ele "constitui um obstáculo ao acesso à língua para crianças com certas deficiências ou distúrbios de aprendizagem". O ponto médio seria, segundo Blanquer, um exemplo não tanto de escrita inclusiva mas de escrita de exclusão.
Também a vice-presidente da Federação Francesa de DYS [para pessoas com problemas de aprendizagem] considera que o ponto mediano poderá ser mais um fator a causar dificuldades, defendendo que ter dois termos de género diferentes não pode ser considerada uma linguagem de exclusão se usarmos os dois termos.
Como exemplo, lembra o termo 'Olá a todos', que a mesma garante usar sempre como 'Olá a todos e a todas' como uma forma de incluir todas as pessoas.
Recorde-se que esta polémica surgiu em 2017, quando um manual escolar com linguagem igualitária foi publicado e 314 professores anunciaram num manifesto que deixariam de ensinar a regra da concordância masculina.
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