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Etiópia alega que mortos no massacre de Aksum eram combatentes

A Etiópia disse hoje que a "grande maioria" dos mortos no massacre de Aksum, no norte da região de Tigray, no final de novembro, eram combatentes e não civis, contradizendo vários relatórios independentes.

Etiópia alega que mortos no massacre de Aksum eram combatentes
Notícias ao Minuto

19:43 - 10/05/21 por Lusa

Mundo Etiópia

As autoridades apresentaram as primeiras conclusões oficiais sobre o massacre, no qual, segundo as organizações Human Rights Watch e Amnistia Internacional, soldados eritreus mataram centenas de pessoas, na sua maioria civis.

O massacre de Aksum é considerado uma das piores atrocidades da guerra em Tigray, região no norte da Etiópia que em guerra há seis meses.

Segundo a Amnistia Internacional, os eritreus "foram numa onda de violência e mataram metodicamente centenas de civis a sangue frio".

Mas numa conferência de imprensa, o procurador-geral adjunto Fikadu Tsega disse que os eritreus mataram 93 pessoas em "combates intensos" contra as forças leais à Frente de Libertação do Povo Tigray (TPLF), partido que até há pouco tempo governava a região.

"Ficou esclarecido que a grande maioria dos mortos no referido incidente, embora não fardados, eram membros das forças TPLF, que lutavam contra as forças eritreias" e do Exército etíope, afirmou Fikadu.

Mais de 1.500 jovens de Aksum, uma cidade Património Mundial da UNESCO, receberam formação em armas da TPLF nos dias que antecederam o incidente para "combater batalhas urbanas", acrescentou.

Os combates começaram depois das forças pró-TPLF "atacarem soldados eritreus, que se tinham mudado para a parte montanhosa da cidade", referiu.

A afirmação de Fikadu de que a maioria das vítimas eram combatentes também contradiz as conclusões publicadas, em finais de março, pela Comissão Etíope independente dos Direitos Humanos (EHRC).

De acordo com a EHRC, "mais de 100" civis morreram em Aksum e soldados eritreus executaram residentes desarmados em frente das famílias, segundo testemunhas.

O primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, lançou uma operação militar em 04 de novembro de 2020 contra as autoridades da TPLF, que acusou de atacar duas bases do exército federal na região.

Abiy tinha prometido que os combates seriam breves, mas a luta continua e muitas vozes se levantaram para alertar para a situação humanitária em Tigray.

Após meses de negação, o Governo reconheceu a presença de tropas eritreias a combaterem ao lado do Exército etíope e depois pareceu admitir que estas tinham estado envolvidas em atrocidades - algo que Asmara nega.

Fikadu adiantou hoje que a sua equipa também estava a investigar violações em Tigray, para as quais foram recolhidos 116 testemunhos de vítimas.

Os polícias e soldados etíopes estão "implicados nestes crimes", acrescentou.

No entanto, "dezenas de milhares de criminosos notórios" foram libertados, no início do conflito, alguns dos quais vestiam uniformes etíopes ou eritreus, tornando "extremamente difícil" a identificação dos culpados.

Várias investigações estão "ainda em curso", salientou.

O procurador-geral adjunto salientou que a Etiópia seria capaz de investigar e processar qualquer crime cometido pelos eritreus no seu solo.

Leia Também: Etiópia: ONU envia 54 milhões de euros para ajuda humanitária

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