Misuzulu Sinqobile kaZwelithini nomeado novo rei dos Zulus
O príncipe Misuzulu Sinqobile kaZwelithini foi nomeado rei do povo amaZulu, o maior grupo étnico na África do Sul, sucedendo ao seu pai, Goodwill Zwelithini kaBhekuzulu, que morreu em março, foi hoje anunciado.
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Mundo África do Sul
O príncipe Misuzulu, de 46 anos, foi nomeado pelo testamento da sua mãe, a rainha regente Shiyiwe Mantfombi Dlamini Zulu - que morreu num hospital privado em Joanesburgo, em 29 abril, de causas não reveladas - que foi lido na noite de sexta-feira na Casa Real amaZulu em Kwanongoma, norte do Kwazulu-Natal, pelo advogado T.G. Mandonsela.
"Após a morte prematura do nosso rei, Goodwill Zwelithini, surgiu a necessidade de preencher a posição do rei caído. Deve ser apropriado e adequado à grande nação Zulu conceder a honra, dada a mim por sua majestade, a meu filho, Misuzulu Zulu", refere o testamento da falecida regente, lido por Mandonsela, citado pelo canal público sul-africano SABC.
O advogado sul-africano salientou que "a rainha esperava que o novo líder fosse aceite e apoiado".
O príncipe Misuzulu Zulu terá de aceitar a nomeação, caso contrário, qualquer um dos seus irmãos poderá ser o próximo rei por voto secreto, sublinhou o canal público.
Shiyiwe Mantfombi Dlamini Zulu casou com o rei Goodwill Zwelithini, em 1977, passando a ser a terceira esposa do monarca, tendo sete filhos, sendo o mais velho o príncipe Misuzulu kaZwelithini, que foi educado nos Estados Unidos.
Com a morte da soberana de descendência Swazi, a única soberana entre as seis mulheres de Goodwill Zwelithini, acentuaram-se as divisões no seio da família real zulu em torno da herança do falecido monarca, que deixou seis esposas e 28 filhos.
Numa ação judicial, citada pela imprensa local, a primeira esposa do rei, a rainha Sibongile Dlamini, contesta que têm direito a 50% dos bens do rei, frisando que o testamento do monarca ignorou esse aspeto, apesar de ser casada em comunhão de bens.
Outra ação judicial, apresentada pelas filhas da primeira rainha, argumenta que a assinatura do rei no testamento terá sido "forjada", exigindo a sua revisão.
Alguns membros da família real zulu também questionaram o cargo do príncipe Mangosuthu Buthelezi como primeiro-ministro tradicional do monarca.
Todavia, os membros mais antigos da família real, incluindo Mangosuthu Buthelezi, endossaram o testamento que foi lido logo após a morte de Goodwill Zwelithini e nomearam a rainha Mantfombi como regente da nação zulu.
Na sexta-feira, o príncipe Misuzulu, vestindo uma faixa de pele de leopardo, símbolo tradicional reservado para a realeza, apelou à união entre o povo amaZulu no funeral da sua mãe, que foi sepultada na madrugada de sexta-feira no cimo das montanhas de Kwanongoma.
"Não temos dúvidas de que nos uniremos como uma família", referiu o príncipe na sua homenagem à rainha regente, lida pela irmã mais nova, a princesa Ntandoyesizwe Zulu.
O governador da província de KwaZulu-Natal, Sihle Zikalala, e o presidente da Casa dos líderes tradicionais daquela província, Inkosi Phathisiwe Chiliza, apelaram também à unidade entre os membros da família real zulu.
Embora o título de Rei dos Zulus não tenha poder executivo, o carismático rei Goodwill Zwelithini liderou pacificamente os mais 11,5 milhões de Zulus, um quinto da população da África do Sul.
Goodwill Zwelithini kaBhekuzulu era o único administrador de cerca de 3 milhões de hectares de terra sob o Fundo Ingonyama, criado em 1994, para salvaguardar "o bem-estar material e social dos membros das tribos e comunidades" que habitam a província do KwaZulu-Natal, a segunda mais povoada do país.
A família do rei zulu enfrenta igualmente enorme escrutínio e críticas devido ao seu estilo de vida luxuoso, uma vez que cada uma das seis esposas do monarca zulu tem o seu próprio palácio, custando aos cofres do Estado mais de 65 milhões de rands por ano (3,7 milhões de euros), segundo o Governo sul-africano.
O líder do Partido Livre Inkatha (IFP, na sigla em inglês), de maioria zulu, Velenkosini Hlabisa, aplaudiu hoje, em comunicado, a sucessão afirmando: "O IFP dá as boas-vindas ao anúncio de Sua Alteza Real Príncipe Misuzulu Sinqobile kaZwelithini como o herdeiro aparente ao trono do seu pai".
"A sabedoria da falecida monarca regente, a rainha Shiyiwe Mantfombi Dlamini Zulu, evidenciou-se novamente através do seu testamento que foi lido na noite passada", adiantou.
A monarca Zulu, de 65 anos, irmã do rei Mswati III do reino de Essuatíni (antiga Suazilândia), tinha sido nomeada no mês passado regente do reino amaZulu, após a morte do rei dos zulus, em 12 de março, com 72 anos, de doença associada à diabetes e à covid-19.
Goodwill Zwelithini KaBhekuzulu, que reinou desde 1971, morreu em 12 de março, de doença associada à diabetes e à covid-19, no hospital público Chief Albert Luthuli, em Durban, litoral do país, e foi sepultado em Kwanongoma, nordeste da província do KwaZulu-Natal.
Goodwill Zwelithini e Shiyiwe Mantfombi Dlamini Zulu visitaram a Madeira e estiveram em Lisboa a convite do herdeiro da coroa portuguesa, Duarte Pio, duque de Bragança, em abril de 1992, tendo sido recebidos também pelo então Presidente Mário Soares.
Voltaram a estar em Portugal, em maio de 1995, no casamento do duque de Bragança, no Mosteiro dos Jerónimos.
Em abril de 1999, o rei Zwelithini e a rainha Shyiwe Zulu visitaram a Sociedade Portuguesa de Beneficência a convite do empresário português José de Castro, tal como refere uma placa comemorativa patente na instituição benemérita em Joanesburgo.
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