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A história do ‘menino da bolha’ que deixou o mundo sem ter tocado nele

David Vetter nasceu com uma doença imunológica rara. Durante 12 anos viveu trancado numa câmara de isolamento sem se quer poder ser abraçado pelos pais.

A história do ‘menino da bolha’ que deixou o mundo sem ter tocado nele
Notícias ao Minuto

17:03 - 04/05/21 por Notícias ao Minuto

Mundo David Vetter

Se durante o confinamento sentiu que vivia numa bolha, engana-se. O verdadeiro ‘menino bolha’ nasceu há 50 anos e durante a sua curta vida, de apenas 12 anos e cinco meses, viveu trancado numa câmara de isolamento de plástico, sem se quer poder sentir as carícias dos país.

Esta triste e comovente história de vida é, esta terça-feira, recordada pelo site argentino Clarín. Tal como lembra a publicação, David Vetter nasceu com uma doença imunológica rara, no dia 21 de setembro de 1971, no Texas Children’s Hospital, em Houston, nos EUA, e viveu apenas 12 anos, cinco meses e um dia. 

Por ter Imunodeficiência Combinada Severa (SCID), uma doença congénita rara que o tornava vulnerável ao ataque de qualquer micróbio, teve de ser isolado numa redoma completamente esterilizada.

Apesar de David ter deixado o mundo sem nunca ter tocado nele, a sua vida já correu o planeta devido à raridade da doença - um em cada 50 mil nascimentos - e à forma como esta foi encarada e tratada.

A história do ‘menino bolha’ já foi contada em documentários, filmes e, pelo menos, cinco livros que abordam o caso com diferentes abordagens: histórica, ética, médica, pedagógica, psicológica e tecnológica.

De acordo com o site Clarín, a doença de David foi descoberta quando este ainda estava na barriga da mãe, após o irmão ter morrido com apenas sete meses da mesma patologia.

Apesar disso, o casal foi incentivado a não abortar e a confiar na ciência, pelo médico Raphael Wilson, que há três anos foi acusado de abuso sexual de dois menores.

Mal nasceu, David foi ‘inserido’ numa bolha de plástico até ficar suficientemente forte para receber uma doação de medula da irmã, plano que saiu frustrado por esta não ser compatível.

Perante isto, o isolamento temporário do menino tornou-se num modo de vida permanente. A bolha de plástico tornou-se na casa de David e na única forma de o manter a salvo de qualquer micróbio que, para o seu corpo, seria fatal.

Wilson assumiu assim o cargo de responsável por um processo médico sem precedentes financiado pelo Estado.

À medida que David crescia era cada vez mais objeto de estudo e menos um paciente. As questões éticas começaram a ser questionadas. Além de não ter qualquer contacto de pele com pele, a sua ‘casa’ era muito barulhenta devido aos purificadores de ar, o que dificultava a comunicação com os pais.

Aos três anos, a equipa médica que o seguia decidiu construir uma bolha maior, como se fosse uma divisão da casa, mas nem sempre isso correu bem. A certa altura, David furou a mesma com um brinquedo e correu risco de vida.

O cansaço e os medos da criança começavam a ser cada vez mais notórios e os psicólogos diagnosticaram-lhe depressão.

Em 1977, David era já uma estrela e a NASA decidiu ajudar a melhorar a sua vida. Construiu um fato espacial, isolador, feito à medida. O menino usou-o duas vezes para caminhar até ao jardim. Mas como tinha pânico de apanhar micróbios, deixou de o usar.

Passados alguns anos, com a evolução da ciência, os médicos quiseram tentar novamente o transplante de medula da irmã, apesar de esta não ser 100% compatível.

A operação foi feita, mas algo deu errado. David apanhou um vírus e ficou gravemente doente. Duas semanas depois de ter sido retirado da ‘bolha’ pela primeira vez, o menino morreu.

Hoje, as crianças que sofrem da mesma doença que David têm várias terapias como opção, nenhuma semelhante à que o menino foi submetido.

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