Ivan Pavlov foi acusado de "divulgar informações sobre uma investigação preliminar" relacionada com o caso de um dos seus clientes, o ex-jornalista Ivan Safronov - um crime punível com multa, serviço comunitário ou detenção até três meses.

Pavlov terá de comparecer perante um tribunal de Moscovo, ainda hoje, para uma audiência sobre as restrições a que ficará sujeito, enquanto as autoridades o procuram impedir de usar a Internet e de comunicar com testemunhas do processo criminal.

Opositores políticos, jornalistas independentes e ativistas de direitos humanos têm enfrentado uma pressão crescente por parte do Governo na Rússia, nos últimos meses.

"Os procuradores afirmam que eu cometi um crime quando vos disse, a vocês repórteres, que um vosso colega está a ser detido ilegalmente (...) sob acusações absurdas", disse o advogado.

Pavlov referia-se ao seu cliente Safronov, um antigo jornalista que escreveu sobre questões militares e de segurança, ao longo de uma década, e que foi detido no ano passado por alegadamente ter passado segredos militares para os serviços de inteligência checos.

Segundo os seus colegas, Pavlov tem recebido ameaças de investigadores dos serviços de inteligência russos, que lhe terão dito que tudo fariam para o conseguir deter.

Pavlov diz-se inocente e acusa as autoridades russas de se quererem vingar por causa dos seus trabalhos de investigação.

Em agosto, os 'media' russos noticiaram que os serviços de inteligência russos apresentaram uma queixa por causa da sua recusa em assinar uma declaração de sigilo no caso do ex-jornalista Safronov.

Os processos judiciais contra Pavlov começaram logo que ele começou a representar o movimento anticorrupção liderado por Alexei Navalny.

Os tribunais russos estão a analisar um pedido do Ministério Público para que a rede de filiais regionais das organizações anticorrupção de Navalny sejam reconhecidos como "extremistas".

Se o pedido dos procuradores for aceite, as atividades do movimento opositor do Kremlin e liderado por Navalny serão proibidas e os seus membros ou apoiantes ficam ameaçados com severas penas de prisão.

Navalny, 44 anos, está na prisão desde meados de janeiro, depois de ter sido detido ao regressar da Alemanha, onde passou quase cinco meses a restabelecer-se de um envenenamento do qual acusa o Kremlin.

Leia Também: Filiais de movimento anticorrupção foram consideradas "extremistas"