"Após negociações entre os ministros dos Negócios Estrangeiros quirguiz e tajique, foi decidida uma trégua a partir as 20:00 (17:00 em Lisboa) e o regresso das tropas para os seus anteriores locais de estacionamento", indicou a diplomacia quirguiz em comunicado.

Previamente, o Quirguistão garantiu ter-se apoderado de um posto fronteiriço do Tajiquistão durante violentos combates que segundo as primeiras informações tinha provocado pelo menos um morto e 18 feridos numa zona disputada da fronteira entre os dois países da Ásia Central.

O último balaço apontava para pelo menos dois mortos, 20 feridos e cerca de 800 pessoas retiradas da zona de conflito, indicou a agência noticiosa Efe ao citar fontes locais.

Em comunicado, o Conselho Nacional de Segurança quirguiz indicou que as suas forças especiais tomaram o controlo desta posição em resposta a bombardeamentos tajiques que provocaram um incêndio num posto fronteiriço na posse do Quirguistão.

Segundo o Ministério da Saúde quirguiz, 17 pessoas foram feridas nos confrontos incluindo um "mortalmente", com o Conselho de segurança do Tajiquistão a anunciar por sua vez dois feridos por disparos, um com gravidade.

O incidente ocorreu em redor do enclave tajique de Voroukh, no Quirguistão, zona de tensões recorrentes relacionadas com questões de acesso à água entre estas duas ex-repúblicas soviéticas.

As duas partes rejeitaram mutuamente a responsabilidade pelos confrontos.

O Conselho Nacional de Segurança quirguiz afirmou que o Tajiquistão "provocou deliberadamente um conflito" neste local da fronteira.

"Os tiros foram disparados entre as unidades militares [dos dois países]. Segundo informações preliminares, a parte tajique instala posições para efetuar disparos de morteiros", prosseguiu esta fonte.

Pelo contrário, o Conselho de Segurança Nacional do Tajiquistão indicou que o exército quirguiz abriu fogo sobre tropas tajiques "situadas no local de distribuição de água de Golovnaia, no curso superior do rio Isfara".

Segundo esta fonte, um conflito tinha eclodido na quarta-feira entre civis e sete tajiques ficaram feridos por arremesso de pedras durante os tumultos.

Vastas zonas de fronteira entre os dois países não foram demarcadas após a implosão da União Soviética em 1991, com as tensões étnicas a acentuarem-se por rivalidades de acesso às terras e à água.

Em 2019, registaram-se incidentes mortíferos entre o Tajiquistão e o Quirguistão e em setembro desse ano três guardas fronteiriços tajiques e um quirguiz foram mortos num tiroteio que também provocou uma dezena de feridos, incluindo civis.

O autoritário dirigente tajique Emomali Rakhmon encontrou-se em julho de 2019 com o então Presidente quirguiz, Sooronbai Jeenbekov, para um aperto de mão simbólico na cidade fronteiriça de Isfara, no Tajiquistão.

No entanto, as conversações sobre a "delimitação das fronteiras nacionais" e a "prevenção e a resolução de conflitos fronteiriços foram inconclusivas.

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