Um tenente da polícia do estado da Virgínia foi despedido esta semana, depois de ter contribuído com 25 dólares (pouco mais de 20 euros) para o fundo de defesa legal e de ter elogiado Kyle Rittenhouse, o adolescente acusado de matar duas pessoas durante os protestos contra a violência policial em Kenosha, Wisconsin, no ano passado.

William Kelly, agente da divisão de polícia de Norfolk há quase 19 anos, foi dispensado do serviço na terça-feira pelas autoridades camarárias, justificando estas que a sua conduta violou a política do departamento e comprometeu a confiança do público nas forças de autoridade, indica o New York Times.

O agente foi colocado em baixa administrativa há quatro dias, depois de jornal britânico Guardian ter reportado, na sequência de um vazamento de dados, que agentes de autoridade e funcionários públicos contribuíram para a defesa do adolescente.

"Obrigado pela tua coragem. Mantém a cabeça erguida. Não fizeste nada de mal. Todos os agentes de polícia estão do teu lado. Não seja desencorajado pela classe política da liderança policial", escreveu William Kelly na mensagem que deixou com a sua doação eletrónica, numa página de financiamento coletivo.

Kyle Rittenhouse, em segundo plano, com arma com que baleou três pessoas, tirando a vida a duas. Em primeiro plano, um manifestante ferido.© Tayfun Coskun/Anadolu Agency via Getty Images  

Recorde-se que Kyle Rittenhouse foi detido depois de ter disparado sobre três pessoas, matando duas delas, durante os protestos 'Black Lives Matter' ocorridos em Kenosha, em agosto do ano passado, após um agente da polícia ter disparado sete vezes sobre o afro-americano Jacob Blake.

Rittenhouse foi filmado por testemunhas a abrir fogo no meio de uma estrada com uma espingarda semiautomática. Os vídeos nas redes sociais mostram pessoas a correr pelas ruas de Kenosha, enquanto se ouvem tiros, e em algumas das imagens podem ver-se homens feridos no chão.

Pelo menos um pequeno grupo de homens, a maioria brancos e fortemente armados, patrulhou a cidade, dizendo que queriam proteger os seus bens, constatou, na altura, um jornalista da agência francesa France-Presse (AFP).

Jacob Blake, de 29 anos, foi baleado várias vezes nas costas quando abria a porta de um veículo, onde estavam os seus três filhos menores, momento que foi gravado por câmaras de telemóvel de testemunhas. O afro-americano ficou paralisado da cintura para baixo.

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