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Repetir e refrescar. "Muitos alemães querem rosto feminino no governo"

Várias sondagens na Alemanha dão uma subida dos Verdes, que se apresentam às legislativas de setembro com Annalena Baerbock, o que, segundo analistas ouvidos pela Lusa, mostra que "muitos alemães querem um rosto feminino no governo".

Repetir e refrescar. "Muitos alemães querem rosto feminino no governo"
Notícias ao Minuto

09:57 - 22/04/21 por Lusa

Mundo Eleições na Alemanha

Um dos estudos, feito já depois de conhecidos os candidatos dos Verdes e da União Democrata-Cristã (CDU) à votação que vai escolher o novo chanceler da Alemanha, chega a dar a vitória aos Verdes com um resultado de 28%, frente a 21% conseguido pelo partido de Angela Merkel.

Para o politólogo Volker Heins, tudo parece estar a "correr bem" à antiga atleta de 40 anos Annalena Baerbock, que estudou Direito Internacional em Londres e é apenas a segunda mulher a concorrer ao cargo.

"A sua falta de experiência política é vista por muitos como uma vantagem. Muitos alemães querem novamente um rosto feminino, e fresco, à frente do governo", sublinhou, acrescentando que ela tem, não uma, mas sim duas hipóteses de chegar a chanceler.

Uma possibilidade é os conservadores continuarem a perder votos e os Verdes conseguirem ser o partido mais forte, com possibilidade de formar Governo, talvez com uma CDU/CSU enfraquecida e humilhada.

"Não é muito provável, mas por alguma razão é que o lema escolhido pelos Verdes é 'Tudo é Possível'", disse Volker Heins, do Instituto de Estudos Culturais de Essen (KWI).

A outra hipótese é os conservadores recuperarem, mas não conseguirem chegar a uma maioria" dos assentos no parlamento.

Nesse caso, frisa, os Verdes seriam o partido de oposição mais forte e teriam a tarefa de formar Governo com os sociais-democratas, os liberais e/ou o partido A Esquerda.

Os democratas cristãos escolheram na terça-feira, com 77,5% dos votos, Armin Laschet, líder do partido e governador do estado da Renânia do Norte-Vestefália, como candidato às eleições legislativas de setembro.

Markus Söder, líder da União Social-Cristã da Baviera, partido irmão da CDU, decidiu retirar a sua candidatura.

Jürgen Falter, cientista político e investigador na Universidade Johannes Gutenberg de Mainz, acredita que uma coligação "semáforo", com o Partido Social Democrata (SPD) alemão, os liberais do FDP e os Verdes, parece ter fortes possibilidades após 26 de setembro.

"Isto significaria, naturalmente, que a Alemanha seria governada por um chanceler escolhido pelos Verdes. Ter uma experiência política limitada pode ser um problema na altura de governar, mas não durante a campanha", salientou, apontando outra possível coligação.

"Verdes com o SPD e o partido A Esquerda. Mais uma vez, a candidata dos Verdes, a senhora Baerbock, poderia ser a nova chanceler. O partido certamente prefere qualquer uma destas possibilidades a ser o parceiro da CDU/CSU", acrescentou.

Para o politólogo Oscar Gabriel, uma coligação formada pela esquerda não deverá acontecer, principalmente porque as posições do partido A Esquerda relativamente a políticas internacionais são muito afastadas das defendidas pelos Verdes e pelos Sociais-democratas.

"Ainda mais importante do que isso é que os Verdes, caso decidam unir-se ao partido A Esquerda, vão perder muito do eleitorado moderado que já não apoia a CDU", frisou em declarações à agência Lusa.

O professor emérito da Universidade de Estugarda não duvida que a CDU/CSU, que escolheu o líder do partido, Armin Laschet, como candidato às próximas eleições, vai enfrentar "grandes desafios para tentar manter o lugar de grupo político mais forte dentro do Parlamento alemão", assumindo que os Verdes têm "uma forte possibilidade de ficar com a chancelaria depois das próximas eleições".

O politólogo Uwe Jun acredita ser possível que a candidata dos Verdes se torne chanceler, mas "não com uma coligação de esquerda".

"Uma coligação de esquerda, que junte todos os partidos da esquerda, é muito impopular na Alemanha. Acho bem mais provável a chamada coligação 'semáforo', ou uma coligação com a CDU, mas liderada pelos Verdes", destacou.

Para o professor de Ciências Políticas, e diretor do Instituto para a Democracia e Investigação Partidária de Trier, não será fácil para os Verdes e para a sua candidata levar a melhor no próximo escrutínio. Para isso, defende, está dependente de vários fatores.

"A insatisfação com a gestão da crise provocada pela pandemia teria de ser em setembro igual à que é agora. Atualmente o eleitorado alemão não está contente com a forma como o Governo tem gerido toda a situação, mas penso que irá melhorar com o avançar da campanha de vacinação no país", considerou, avançando outro critério.

"O candidato a chanceler apresentado pela CDU, Armin Laschet, tem uma taxa de aceitação muito baixa. Mas acredito que ele conseguirá melhorar a sua popularidade entre o eleitorado", revelou.

As eleições legislativas na Alemanha, que darão a conhecer o sucessor de Angela Merkel, estão marcadas para o dia 26 de setembro.

O candidato da CDU/CSU será Armin Laschet e os Verdes apresentam Annalena Baerbock, a mais jovem candidata a chanceler federal desde a formação da República Federal da Alemanha, em 1949.

Pelo SPD será Olaf Scholz, nome conhecido desde agosto, a ir a votos.

Leia Também: Söder retira-se da corrida e Laschet é confirmado como candidato da CDU

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