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Manuscritos do Mar Morto foram feitos por escribas, mostra nova análise

Os Manuscritos do Mar Morto, que, entre outros textos, incluem as cópias mais antigas da chamada Bíblia Hebraica, terão sido escritos por vários escribas, segundo uma análise com tecnologia de inteligência artificial feita ao Grande Livro de Isaías.

Notícias ao Minuto

06:59 - 22/04/21 por Lusa

Mundo Manuscritos do Mar Morto

Um estudo publicado quarta-feira pela revista científica on-line Plos One e assinado por investigadores da Universidade de Groningen (Países Baixos) indica que o manuscrito foi escrito por duas mãos diferentes, embora com estilos muito semelhantes, o que sugere uma origem ou formação comum.

Os Pergaminhos, com mais de 2.000 anos, foram descobertos há sete décadas (grande parte deles nas cavernas de Qumran, perto do Mar Morto) e contêm os manuscritos mais antigos da Bíblia Hebraica (Antigo Testamento) e muitos textos judaicos antigos.

A equipa, liderada por Mladen Popovic, da Universidade de Groningen, analisou a escrita do Grande Livro de Isaías, que parece quase uniforme, embora já tenha sido sugerido que pode ter sido realizada por dois escribas com escritas semelhantes.

Entre os especialistas encontra-se Lambert Schomaker, professor de Ciências da Computação e Inteligência Artificial, que trabalha há muito tempo em técnicas que permitem que os computadores leiam a caligrafia e que investigou como a forma de segurar uma caneta ou um estilete afeta a escrita.

O uso de computadores é adequado para a análise de grandes conjuntos de dados, sendo que a imagem digital possibilita uma série de cálculos computacionais ao nível micro dos carateres, como a medição da curvatura (denominada textural) e os carateres completos (chamados alográficos).

O primeiro passo foi criar um algoritmo para separar o texto (tinta) do seu fundo (couro ou papiro) e desenvolver uma rede neural artificial para manter intactos os traços de tinta originais feitos pelo escriba há mais de 2.000 anos.

O especialista destacou a importância desta característica, já que os traços de tinta estão diretamente relacionados com o movimento muscular e são específicos de cada pessoa.

As análises das características texturais e alográficas mostraram que "as 54 colunas de texto do Grande Livro de Isaías se dividiam em dois grupos diferentes que não foram distribuídos aleatoriamente no pergaminho, mas de forma agrupada, com uma transição a cerca de metade" do documento.

Uma segunda análise das semelhanças entre as colunas escritas, usando os padrões de fragmento de carta, confirmou a presença de duas pessoas diferentes.

"Conseguimos ainda demonstrar que o segundo escriba apresenta mais variação na sua escrita do que o primeiro, embora a duas escritas sejam muito semelhantes", referiu Schomaker.

A terceira etapa foi realizada com uma análise visual específica das letras aleph ('a') nas primeiras e nas últimas 27 colunas, tendo-se observado que são diferentes.

Alguns aspetos do pergaminho e a posição do texto levaram alguns estudiosos a sugerir que, após a coluna 27, um novo escriba tomou conta do trabalho, mas a teoria não era aceite por todos.

No entanto, Popovic assegurou que, agora, pode confirmá-lo com uma análise quantitativa da escrita e com análises estatísticas sólidas.

"Em vez de basear o julgamento em evidências mais ou menos impressionistas, podemos mostrar, com a ajuda do computador, que a separação é estatisticamente significativa", explicou.

A equipa acredita que esta análise abre uma nova via para analisar os textos de Qumran com base nas suas características físicas e acredita que pode chegar ao nível dos escribas individuais para observar cuidadosamente como cada um trabalhou nesses manuscritos.

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