Moçambique. Frelimo admite apoio estrangeiro mas sem tropas no terreno
O secretário-geral da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), Roque Silva, recusa ver tropas estrangeiras a combater os grupos armados que aterrorizam Cabo Delgado, defendendo apoio externo apenas nas áreas de logística e formação.
© Lusa
Mundo Moçambique/Ataques
"Se a solução para o problema do terrorismo residisse no apoio com tropas de fora, o Afeganistão não estaria a enfrentar ainda o problema do terrorismo", exemplificou, aludindo a "tropas americanas e outras", que lá permanecem, "mas a guerra não termina".
O dirigente falava aos jornalistas na terça-feira, em Pemba, capital provincial de Cabo Delgado.
Da mesma forma, fez referência à instabilidade na Líbia, onde estão presentes tropas estrangeiras, mas o país "continua em guerra".
"E neste nosso país, durante a guerra que nos foi movida pela Resistência Nacional Moçambicana (Renamo, principal partido da oposição) tivemos aqui tropas zimbabueanas e tanzanianas e não foram essas tropas que acabaram com a guerra", acrescentou.
"Temos homens capazes que são liderados por um comandante em chefe capaz. Precisamos é daquele apoio que, claramente, o Presidente Filipe Jacinto Nyusi já indicou: formação e logística", destacou Roque Silva.
As declarações surgem alinhadas com as que o chefe de Estado moçambicano e presidente da Frelimo tem feito e marcaram o fim de uma visita de trabalho de quatro dias que Roque Silva realizou àquela província.
A visita inclui uma visita a Palma, vila atacada em 24 de março.
Sobre esta última incursão, o secretário-geral da Frelimo disse que os grupos armados tencionavam permanecer no local.
"O objetivo dos terroristas não era atacar e sair, era atacar e ficar", disse, referindo que foi a "capacidade de resposta das Forças de Defesa e Segurança (FDS)" que permitiu recuperar o controlo de Palma e fazer com que a população esteja a voltar.
Grupos armados aterrorizam Cabo Delgado desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo 'jihadista' Estado Islâmico, numa onda de violência que já provocou mais de 2.500 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e 714.000 deslocados, de acordo com o Governo moçambicano.
O mais recente ataque foi feito em 24 de março contra a vila de Palma, provocando dezenas de mortos e feridos, num balanço ainda em curso.
As autoridades moçambicanas recuperaram o controlo da vila, mas o ataque levou a petrolífera Total a abandonar por tempo indeterminado o recinto do projeto de gás com início de produção previsto para 2024 e no qual estão ancoradas muitas das expectativas de crescimento económico de Moçambique na próxima década.
Leia Também: Governo contabilizou mais de 723 mil deslocados em Moçambique
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com