ONG identificam mais de 3.000 crianças não acompanhadas na Etiópia
Cerca de 3.024 crianças não acompanhadas e separadas das suas famílias foram identificadas por várias organizações não-governamentais (ONG) no norte da Etiópia, principalmente em Shire, na região de Tigray, palco de um conflito há vários meses.
© iStock
Mundo Etiópia
"Desde 14 de abril, cinco parceiros destacados no norte da Etiópia - em Tigray, Afar e Amhara - identificaram e registaram 3.024 crianças não acompanhadas", afirmou hoje o porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), James Elder, regressado da zona de conflito, citado pela agência noticiosa Efe.
"Os esforços de busca e reunificação familiar das ONG e do Governo [etíope] foram limitados por vários fatores, como a deterioração da segurança na região e a falta de estruturas governamentais no exterior de Mekele [capital regional]", acrescentou Elder.
De acordo com o diretor de emergências sanitárias da Organização Mundial da Saúde (OMS), Mike Ryan, no total, mais de um milhão de pessoas já foram deslocadas, tendo o responsável assinalado que cerca de 2,5 milhões de pessoas em zonas rurais não têm acesso a serviços básicos.
"A situação em Tigray não poderia ser mais terrível. As pessoas não poderiam precisar mais de apoio e ajuda", acrescentou Ryan, referindo ser "muito difícil exagerar a extensão da crise sanitária e humanitária que se vive atualmente em Tigray".
De acordo com os dados da Organização das Nações Unidas, foram registados mais de 800 casos de violência sexual e de género em apenas cinco hospitais, com mulheres de Tigray a queixarem-se de terem sido violadas por grupos de soldados e forçadas a percorrer longas distâncias para chegarem a hospitais ou centros de saúde, conforme denunciado pela ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF).
Elder abordou também a violência e destruição que afeta as crianças na região.
"Vi muita destruição dos sistemas de serviços essenciais, dos quais muitas crianças dependem para sobreviver. Também ouvi histórias desoladoras de violação e violência sexual de crianças e mulheres", lamentou.
Abiy Ahmed, Prémio Nobel da Paz em 2019, lançou uma intervenção militar em 04 de novembro para derrubar a Frente de Libertação do Povo Tigray (TPLF), o partido eleito e no poder no estado, e declarou a vitória em 28 de novembro, ainda que os combates continuem.
O Exército federal etíope foi apoiado por forças da Eritreia. Depois de vários dias, Abiy Ahmed declarou vitória em 28 de novembro, com a captura da capital regional, Mekele.
No entanto os combates continuaram e as forças eritreias são acusadas de conduzirem vários massacres e crimes sexuais.
Leia Também: Covid-19: Um positivo em mais de 800 testes no politécnico de Bragança
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com